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Brasileiro pede patente de droga contra epilepsia

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de quatro anos de pesquisa, uma equipe da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), coordenada pelo médico Luiz Eugênio Araújo de Moraes Mello, do Laboratório de Neurofisiologia, entrou com o pedido de registro de patente, no Brasil e em mais de 30 países, da primeira droga com potencial para evitar o surgimento da epilepsia pós-traumática, doença que afeta entre 15% e 50% das vítimas de traumatismo craniano grave. Trata-se de um medicamento feito de sais de escopolamina usados para provocar amnésia. Em testes de laboratório, a nova droga foi capaz de evitar o aparecimento da doença em 15% dos ratos que sofreram graves lesões no cérebro. "Nossa intenção foi explorar a capacidade que a escopolamina tem de provocar perda de memória", explica Mello. "A amnésia temporária é uma condição necessária para bloquear a epilepsia." Segundo Mello, é algo semelhante ao coma induzido, procedimento usado pelos médicos para diminuir a atividade do cérebro. "Ao sofrer uma lesão aguda, por exemplo, o cérebro tenta se recuperar, reorganizando os neurônios restantes para que retomem suas funções normais." Esse reordenamento, porém, nem sempre dá certo. Podem ficar seqüelas como a epilepsia. Os pesquisadores supõem que isso ocorra quando a reorganização é feita de forma rápida e atabalhoada. "Com a escopolamina, tentamos frear um pouco esse processo, tornando-o mais lento e gradual", explica. Convulsões De acordo com Mello, mesmo entre os ratos que não ficaram curados, o uso do medicamento mostrou resultados encorajadores. "As convulsões demoraram três vezes mais tempo para ocorrer ou manifestaram-se isoladamente e em menor freqüência", conta. O próximo passo no desenvolvimento do novo remédio são os testes em macacos, que deverão estar concluídos dentro de um ano. Em seguida, serão iniciadas as experiências em humanos, que durarão cinco anos, quando a nova droga poderá ser colocada à venda.

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