O governo brasileiro vai propor aos países vizinhos a formação de uma Junta Sul-Americana de Defesa. A proposta será apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima reunião da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em janeiro, em Cartagena, na Colômbia, segundo informou hoje o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. Ele explicou que a idéia do Brasil é criar um fórum de discussão reunindo os ministros militares da América do Sul e seus representantes, com o objetivo de eliminar tensões entre as nações da região. Recentemente ocorreram problemas na fronteira entre Venezuela e Guiana e há disputas de anos em outros pontos fronteiriços do continente. "É uma proposta lógica, que tenderá mais a resolver problemas que a criar problemas", afirmou. Segundo Garcia, o corpo diplomático brasileiro vai dar forma à proposição, que antes de ser apresentada será discutida com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e com o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Garcia afirmou que o Brasil vai "torcer e se empenhar" para que não haja ruptura institucional na Bolívia, onde a oposição ameaça editar uma carta constitucional paralela à da Assembléia Nacional Constituinte dominada por partidários do presidente Evo Morales. A postura brasileira será de cautela e não interferência. "Evidentemente estamos acompanhando a situação da Bolívia com discrição, porque é um tema interno, mas é um tema ao qual não ficaríamos indiferentes", declarou, após participar de palestra para diplomatas da América Latina no Palácio do Itamaraty no Rio.