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Brasil é um dos países mais perigosos para jornalistas, diz SIP

Por Agencia Estado
Atualização:

A Colômbia e o México, seguidos pelo Brasil e pela Guatemala, são os países mais perigosos para o exercício do jornalismo, segundo a Comissão de Impunidade da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). Um relatório sobre pesquisas realizadas pela comissão desde 1995 sobre a morte de jornalistas por causas vinculadas a seu trabalho foi apresentado nesta segunda-feira por seu presidente, Alberto Ibargen, durante a 58ª Assembléia da SIP, com o objetivo de pôr fim à impunidade. Na reunião, que foi aberta nesta segunda pelo presidente do Peru, Alejandro Toledo, e se encerra nesta terça-feira, centenas de editores e jornalistas do continente americano avaliam a liberdade de imprensa. Entre os quatro países apontados como mais perigosos, Ibargen fez uma ressalva apenas para a Guatemala, onde nos últimos anos houve redução do número de assassinatos de jornalistas. A comissão investigou 40 crimes. Dezesseis deles foram enviados à Comissão Internacional de Direitos Humanos, quando se comprovou que o assassinato se vinculava ao exercício do jornalismo e os recursos judiciais já se haviam esgotado. Segundo Ibargen, a impunidade de muitos crimes na América Latina se deve "à falta de vontade política, à ineficácia de sistemas judiciais fracos e à imperícia dos sistemas policiais". Disse ainda que, conforme a comissão constatou, a impunidade também se alimenta da "falta de preparação dos jornalistas, sua conduta negligente e da falta de solidariedade entre colegas". Durante o período da investigação, a comissão conseguiu que fossem reabertos casos de crimes que já estavam esquecidos, como o de Irma Flaquer, na Guatemala; Guzmán Quintero, na Colômbia; e de Reinaldo Coutinho da Silva e Manoel Leal de Oliveira, no Brasil. O relatório inclui também, entre os casos recentes de assassinatos de jornalistas na América Latina, o de Domingos Sávio Brandão, dono da Folha do Estado (MT) e o do repórter Tim Lopes, da Rede Globo. Ibargen defendeu a necessidade da continuidade, no ano que vem, da investigação dos crimes impunes praticados contra jornalistas com o funcionamento da Unidade de Resposta Rápida da SIP, que viaja imediatamente ao país onde ocorre um crime desse tipo. Além disso, propôs que se inicie em 2003 uma campanha publicitária em todo o continente com o objetivo de pressionar as autoridades judiciais para que se avance na investigação dos assassinatos que caíram na impunidade. A campanha implicará a publicação dos casos nos jornais e pedirá à população que pressione as autoridades, criando uma consciência contra a impunidade. Vários veículos já aderiram a essa campanha, como El Tiempo, de Bogotá, Colômbia; Caretas, do Peru; Healy, do México; Prensa Libre, da Guatemala; Novedades, de Cancún, México; The Miami Herald e Nuevo Herald, de Miami, Estados Unidos.

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