‘Brasil e EUA têm os mesmos valores’, diz embaixador americano

Shannon afirma que as convergências entre os dois países são mais importantes que as divergências

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Por Rafael Moraes Moura
Atualização:

A visita do presidente americano Barack Obama reforça a dimensão da importância do Brasil no cenário internacional, diz o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon. Em entrevista ao Estado, Shannon exaltou os caças da Boeing, falou em melhorar o comércio bilateral e minimizou os recentes atritos diplomáticos entre os dois países - em questões como o controverso acordo que o Brasil mediou com o Irã de Mahmoud Ahmadinejad, a crise em Honduras e a instalação de bases americanas na Colômbia. "Nossas convergências são mais importantes que nossas divergências", afirmou, em ótimo português, como pediu para fazer a seguinte entrevista.

 

 

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Dois anos após assumir a Casa Branca, o que a viagem do presidente Barack Obama ao Brasil representará para os dois países?

 

A visita do presidente Obama mostra grande interesse dos Estados Unidos no Brasil, um reconhecimento do papel do Brasil no mundo como poder emergente. É uma reunião histórica, repleta de simbolismos: Barack Obama, o primeiro presidente americano descendente de pai africano; Dilma, a primeira mulher eleita presidente do Brasil. Os Estados Unidos veem o Brasil como uma grande nação, uma democracia fundamental no sistema internacional, na ONU e em questões como os direitos humanos. O Brasil demonstrou como a democracia e a economia de mercado podem promover justiça social.

 

 

Por falar na questão dos direitos humanos, como o senhor avalia a postura da diplomacia brasileira diante da turbulência no mundo árabe?

 

Faço uma avaliação positiva. O papel do Brasil no Conselho de Segurança, liderando a resolução contra a Líbia, foi extremamente importante.

 

Na viagem de Obama, um dos principais assuntos em pauta é a venda dos caças para a Força Aérea Brasileira, um negócio de US$ 7 bilhões de dólares (cerca de R$ 12 bilhões) que ainda não foi definido. Apesar da preferência da administração anterior pelo modelo francês, vai ser possível virar o jogo?

 

 

A concorrência segue aberta, com os caças da Boeing sob avaliação do governo. Temos a certeza de que temos não apenas o melhor avião, como o melhor pacote de transferência de tecnologia, que pode crescer com o tempo nos próximos anos. Esse pacote é inédito e estamos muito confiantes em ter o Brasil como parceiro.

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A viagem de Obama vai amenizar atritos recentes entre a Casa Branca e o Palácio do Planalto, como a reação americana ao acordo mediado pelo Brasil com o Irã e as divergências quanto à crise em Honduras?

 

Discordâncias são normais, especialmente quando consideramos um país como o Brasil, que tem suas próprias opiniões. Nossos valores, contudo, são os mesmos. Temos interesses compartilhados. Nossos pontos de convergência são mais importantes que os de divergência.

 

 

Abre-se a possibilidade de algum resultado concreto para as questões comerciais, como a tarifa imposta ao etanol brasileiro?

 

O etanol é um assunto que passa pelo Congresso, do qual não posso me antecipar. Mas pretendemos melhorar a relação comercial entre os dois países e aperfeiçoar as oportunidades de investimento.

 

 

 

Especula-se muito sobre a passagem de Obama pelo Rio. Afinal de contas, ele vai subir morro e discursar para a população?

 

 

O presidente Obama tem um desejo e interesse muito forte de ir para o Rio, cidade que vai receber a Olimpíada e jogos da Copa do Mundo e que passa por um tempo de muitas mudanças e transformações. É um momento de confiança no Rio e o presidente quer falar com o povo do Rio e do Brasil, mas vou guardar algumas surpresas.

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