Brasil é campeão de repetência na América Latina

Por Agencia Estado
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No dia em que 6 milhões de alunos da rede estadual de São Paulo voltam às aulas, a Unesco divulga um estudo que mostra que o Brasil ainda tem de evoluir, sobretudo no que diz respeito à repetência. O levantamento reúne dados de 19 países latino-americanos coletados entre 1998 e 1999. O Brasil teve o pior desempenho em repetência no nível básico e no secundário. Segundo a Unesco, a taxa de repetência era de 24% no nível básico e de 18% no secundário. Nos dois casos, o Brasil é o recordista do subcontinente. Na educação básica, a Guatemala é a 2.ª colocada, com uma taxa de 15%. No ensino secundário, o País está à frente da Argentina, Costa Rica e Venezuela, todos com menos de 10% de reprovação em média. Esses dados não diferem muito das estatísticas mais recentes divulgadas pelo Ministério da Educação. A taxa de repetência de 2000 ? que usa dados de 1999 ? é de 21,6% no nível fundamental e de 18,6% no médio. Na avaliação da Unesco (a agência das Nações Unidas para educação, cultura e ciência), a reprovação gera uma série de prejuízos não só financeiros ? quanto mais repetentes, mais caro fica para o governo manter o sistema ?, mas sobretudo educacionais, pois indica que existem problemas de qualidade, já que as crianças e jovens não estão aprendendo tanto quanto deveriam. ?O Brasil melhorou muito, mas agora o problema da qualidade começa a vir à tona. Aqui e em toda a América Latina?, comenta a coordenadora de Educação da Unesco-Brasil, Dulce Borges. Outro dado que chama a atenção é o fato de que o número de alunos matriculados na educação básica é maior do que a população na faixa etária ideal: a taxa na América Latina é de 125%. Isso ocorre por causa da reprovação e do elevado número de jovens e adultos atrasados em relação à série ideal. Novamente, o Brasil é o campeão, com uma taxa de matrícula de 154% em relação à faixa etária ideal. A boa notícia para os brasileiros, no entanto, é o fato de a Unesco incluir o País entre os sete que universalizaram o acesso à educação básica. A lista também é composta por Argentina, Bolívia, Cuba, Equador, México e Paraguai. Apesar disso, a Unesco estima que 2 milhões de crianças latino-americanas em idade de freqüentar a educação básica estejam fora da escola. Na zona rural, 40% das crianças abandonam a escola antes de completar o primário ou concluem esse nível com dois anos de atraso. Nas cidades, a taxa cai para 17%. No secundário, 54% dos jovens em idade de freqüentar esse nível de ensino estão matriculados. Mas há 20 milhões de jovens excluídos. De acordo com a Unesco, o ensino de terceiro grau é o grande problema da região. Embora o nível de freqüência tenha melhorado na década de 90, só 9,5 milhões de pessoas estavam matriculadas em universidades na América Latina em 1998. Brasil, México e Argentina concentram 60% das inscrições.

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