Brasil discute entrada de Cuba no Grupo do Rio

Para o ministro Celso Amorim, ´não há razão para isolar Cuba´ dos outros países

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Por Agencia Estado
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Líderes da América Latina e do Caribe debatiam neste sábado, 3, questões de energia, infra-estrutura e de âmbito social na Cúpula do Grupo do Rio, realizada na Guiana, a poucos dias de uma visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, a países da região no próximo dia 8. Num encontro breve entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Felipe Calderón, do México; e Michelle Bachelet, do Chile; e o chanceler da Argentina, Jorge Taiana, que antecedeu as deliberações da cúpula, falou-se informalmente sobre a possibilidade de Cuba integrar o Grupo do Rio. "Não há razão para isolar Cuba, mantendo o caráter de defesa da democracia", disse a jornalistas o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim. Chávez Apesar dos pedidos do Grupo do Rio para reforçar os laços entre os 20 países membros, apenas sete presidentes compareceram ao encontro. Na última hora, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, cancelou sua presença na cúpula. O chanceler venezuelano, Nicolas Maduro, disse à imprensa que o mandatário não pôde ir ao evento por questões de "agenda intensa". Perguntado se nas deliberações o tema da visita de Bush foi tratado, ele disse que não. O encontro de Georgetown é o último evento institucional entre os líderes da região antes da visita de Bush. Chávez criticou a vinda do presidente norte-americano, que chama de "o diabo", por vê-la como uma tentativa de dividir os países da região. Aliados x críticos A presidente do Chile afirmou que os líderes trabalhariam na sessão deste sábado para fortalecer "áreas como energia, infra-estrutura, obviamente o social e o relacionado à mudança climática, que são temas que nos afetam e nos importam". O presidente da Guiana, Bharrat Jadgeo, pediu no início da cúpula, na última sexta-feira, a união das nações latino-americanas e caribenhas para falar numa só voz e abordar temas como a redução da pobreza e a integração dos governos. Após uma série de eleições presidenciais em 2006, a América Latina ficou dividida entre aliados de Washington, como Peru e Colômbia, e seus críticos, como Bolívia, Equador e Venezuela. Entre os dois grupos, permanecem Brasil, Chile e Argentina. Protestos Bush chegará na próxima quinta-feira ao Brasil para em seguida visitar Uruguai, Colômbia, Guatemala e México. Além dos chefes de Estado desses países, Bush será recebido também por protestos. Chávez prometeu participar de uma marcha na Argentina em repúdio à visita de Bush ao vizinho Uruguai. O presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, disse na última sexta-feira que receberá seu colega norte-americano para promover o intercâmbio comercial, mas afirmou que tem divergências com a potência mundial. "Se existem diferenças entre os governos dos Estados Unidos e do Uruguai? Claro. Esse é um governo popular, democrático, antioligárquico e antiimperialista", disse. No entanto, ele acrescentou que "o cortês não tira o valente, porque temos outras coisas nas quais coincidimos". A relação entre as duas nações se estreitou nos últimos meses, e Montevidéu trabalha com a possibilidade de alcançar um tratado de livre comércio com Washington.

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