Brasil caminha para ser país de idosos

Por Agencia Estado
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O Brasil se livrou do perigo da explosão demográfica. Em compensação, a queda da taxa de fertilidade das mulheres, aliada a uma menor mortalidade infantil, fará com que o Brasil se torne um país de idosos em breve. Em 1950, a relação de idosos (pessoas com mais de 65 anos) com a de crianças (de menos de 15 anos) era de 6,2%. Segundo dados do censo, chegou a 19,6% em 2000. "No mundo, a proporção de idosos superou a de crianças em 1998", afirmou Elza S. Berquó, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), durante a 54º reunião anual da Sociedade Brasileira para o progresso da Ciência (SBPC), que se realiza na Universidade Federal de Goiás, em Goiânia. O simpósio População Brasileira: Principais Mudanças e Tendências, é o primeiro de uma série de cinco, onde serão aprofundados alguns dados do Censo 2000, apresentados de forma preliminar em maio passado. As apresentações fazem parte de um dos três grandes ciclos temáticos da reunião da SBPC, intitulado Projetando o Brasil - Censo 2000. "O envelhecimento da população é inexorável. Ou a sociedade se prepara, ou estaremos perdidos, principalmente os jovens", diz José Alberto Magno de Carvalho, do centro de Planejamento Urbano e Regional (Cedeplar), de Minas Gerais. Isto porque será necessário reestruturar o sistema de previdência a fim de acomodar as mudanças da sociedade brasileira. "Fico triste quando vejo jovens que são contra a reforma da previdência. O futuro será pessimista para eles, se a sociedade não se preparar." Em 1950, o retrato da população brasileira era uma pirâmide perfeita. Uma base larga de crianças e um pico afunilado de idosos. Agora, há uma retangularização desse retrato, com um miolo, na idade adulta, mais populoso. A fecundidade feminina no Brasil passou de 6,16 filhos em média por mulher, em 1940, para 2,35 em 2000, um declínio que teve início com a introdução da pílula anticoncepcional na década de 1960. A taxa de crescimento da população, que era de 2,99 entre 1950 e 1960, passou a 1,64 de 1991 a 2000. Mesmo a maior proporção de sobreviventes em cada geração, resultado da queda da taxa de mortalidade, e do conseqüente aumento do número de mulheres em idade reprodutiva (que sobe 3% ao ano), não será capaz de reverter a tendência de envelhecimento da população. "O número de nascidos tem caído em números absolutos", afirma Carvalho. O envelhecimento da população é diferente do aumento da longevidade do brasileiro. Isto é, há mais brasileiros em idade adulta em relação a jovens e crianças do que algumas décadas atrás, o que não quer dizer que esses adultos estejam vivendo por mais tempo. É por isso, diz Carvalho, que é preciso investir nas crianças e nos jovens de hoje, que em algumas décadas formarão a maioria da população adulta do País.

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