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Brasil cai sete posições no ranking de desenvolvimento humano

País caiu do 65º lugar para o 72º no ranking de desenvolvimento humano da ONU. Mas não houve piora: os dados enviados é que tornavam impossível uma comparação correta

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar dos avanços sociais registrados, o Brasil encerrou o ciclo de oito anos de governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) com uma queda brusca no ranking que mede o desenvolvimento humano no mundo. Na comparação com 175 países e dois territórios, entre os anos de 2001 e 2002, o Brasil caiu da 65ª posição para a 72ª, ficando abaixo da colocação que se encontrava no começo dos anos 90. O Relatório sobre Desenvolvimento Humano 2004, com dados referentes a 2002, que será apresentado amanhã em Bruxelas pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), dá para o Brasil o IDH de 0,775 ? ante 0,777 do relatório anterior. E, no entanto, não houve qualquer piora na situação do País. A questão foram os dados enviados pelo governo à ONU. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é composto por três indicadores que medem os avanços de cada país quanto a esperança de vida, educação e Produto Interno Bruto (PIB) per capita. Ele leva em conta também outros dados, como a distribuição da riqueza e a desigualdade entre homens e mulheres. A queda do Brasil no ranking aconteceu por causa da piora nos dados de educação, mais especificamente na taxa de alfabetização de adultos. Na realidade, contudo, o total de analfabetos brasileiros não aumentou. A mudança aconteceu na base de dados usada pelo PNUD para medir os índices de analfabetismo, que causou uma enorme confusão. Para o relatório divulgado no ano passado ? referente ao ano de 2001 ?,o governo brasileiro mandou dados da Pesquisa Nacional de Amostra a Domicílios (PNAD), que consideravam os avanços brasileiros na erradicação do analfabetismo conquistados em 2001. Para calcular o IDH de 2002, entretanto, a pedido do PNUD, o governo enviou números de analfabetismo referentes ao Censo de 2000, que apontavam uma maior proporção de analfabetos. O uso dos dados defasados para o relatório deste ano levou o índice a apontar um retrocesso brasileiro na educação. Entre os 177 participantes, apenas 40 países mandaram os dados de analfabetismo referentes ao ano 2000. Para os demais, foram realizadas estimativas que causaram importantes distorções no ranking. A 65ª posição alcançado no IDH de 2001 colocava o Brasil entre os países que mais avançaram no mundo desde os anos 70. Apesar de o ranking registrar uma queda do Brasil, portanto, não é possível comparar as duas realidades e é incorreto dizer que o país tenha piorado nos índices educacionais. Esta ressalva é feita na própria síntese divulgada pelo PNUD. Uma explicação A divulgação do ranking dos países segundo o IDH estava embargada até as 9 horas desta quinta-feira, momento em que as informações serão oficialmente apresentadas pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) das Nações Unidas. Outros sites, no entanto, romperam o acordo de embargo. Por isso, o portal www.estadao.com.br decidiu antecipar a divulgação da informação. A edição de amanhã de O Estado de S. Paulo trará tabelas e reportagens com todas as informações sobre o IDH do Brasil.

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