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Brasiguaios em Itaquiraí-MS prometem mais protestos

Quase 1.500 homens, mulheres e crianças moradoras do acampamento bloquearam a estrada na manhã para fazerem protestos

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Por Redação
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CAMPO GRANDE - Os sem-terra brasiguaios acampados nas margens da BR-163, em Itaquiraí (MS), prometeram nesta sexta-feira, 12, "protestos mais radicais" para não desocupar a área até a próxima quinta-feira, 18. O prazo de retirada das mais de 600 barracas de lona plástica foi determinado pela Justiça, sob a alegação de que as obras de duplicação da rodovia tomarão toda extensão do km 97, atualmente ocupada pelos sem-terra ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais (MST).Ontem, quase 1.500 homens, mulheres e crianças moradoras do acampamento bloquearam a estrada durante a parte da manhã, reivindicando alimentação e um lugar com estrutura para a mudança. Hoje, foram distribuídas 403 cestas básicas de produtos alimentícios pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Segundo o superintendente regional do Incra, Manuel Furtado Neves, "de momento não há mais negociação".Ele explicou que "a parte que toca ao Incra já está feita. Foi viabilizada uma área de 8 hectares, perto do lugar onde é o acampamento. É provisória porque estamos a procura de terra para assentar os brasiguaios, eles têm prioridade", disse. "Outra saída seria a desapropriação de uma fazenda em Naviraí, vizinha de Itaquiraí, de 3.700 hectares, mas depende de liberação da Funai (Fundação Nacional do Índio), pois pode ser terra indígena", acrescentou.A resistência de pelo menos metade dos brasiguaios é devido aos "perigos" que enfrentarão, no terreno provisório, situado dentro da Fazenda Santo Antônio, em Itaquiraí. O imóvel, com 16.926 hectares, foi comprada pelo Incra em 2007 por R$ 130 milhões. No mesmo ano, foi dividida em quatro assentamentos e em agosto deste ano transformado em palco de um sistema de corrupção, com prejuízos estimados em R$ 62 milhões para os cofres públicos, segundo investigação da Polícia Federal (PF).Um grupo de 19 pessoas, entre elas funcionários do órgão, foi preso pela PF durante a Operação Tellus, acusado de participação ativa na venda de terras da reforma agrária. Também facilitavam a documentação dos imóveis comprados ilegalmente e privilegiava, mediante propinas, o assentamento de várias famílias. Esses crimes estão em uma séria de outros denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF).

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