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Bolsonaro volta a minimizar coronavírus e diz que brasileiro ‘não pega nada’

‘Vê o cara pulando em esgoto, sai, mergulha e não acontece nada’, afirma presidente; segundo ele, ministro da Saúde concordou em mudar formato de isolamento

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Foto do author Julia Lindner
Por Julia Lindner
Atualização:

BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, já concordou com a mudança no formato do isolamento horizontal para vertical como medida de combate ao novo coronavírus no País, mas ainda estuda como implementar a medida. O modelo defendido pelo presidente considera apenas isolamento para pessoas do grupo de risco, idosos e aqueles com doenças crônicas. Bolsonaro disse que não há prazo para que a transição ocorra, e que poderia até começar nesta sexta-feira, 27.

O presidente Jair Bolsonaro na porta do Palácio do Alvorada Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Ele voltou a dizer que “alguns governadores e prefeitos erraram na dose” das medidas de contenção, que incluiu fechamento de comércio e escolas, e que “o povo quer trabalhar”. De acordo com Bolsonaro, alguns deles já reavaliam as medidas restritivas.

“A gente consegue aguentar dois, três meses com o plano que está aí? Não sei quanto vai chegar a nossa despesa, centenas de bilhões de reais. Tem que voltar quase tudo (setores da economia). E fazer uma campanha fique em casa. Não deixa o vovô sair de casa, deixa em um cantinho. Quando voltar toma banho, lava as mãos, passa álcool na orelha. É isso daí”, declarou.

Sobre a situação crítica em países como Estados Unidos e Itália, Bolsonaro considera que o Brasil não chegará na mesma situação porque os brasileiros possuem algum tipo de diferenciação. “Acho que não vai chegar a esse ponto, até porque o brasileiro tem que ser estudado, não pega nada. Vê o cara pulando em esgoto, sai, mergulha e não acontece nada.”

Bolsonaro disse que muitas pessoas no Brasil já devem ter se contaminado pela covid-19 nas últimas semanas, mas não apresentaram sintomas e agora possuem imunidade, inclusive ele. Ainda assim, o presidente afirmou que não vai mostrar os exames que fez para testar a doença, já que mais de 20 pessoas que viajaram com ele aos EUA testaram positivo. “A minha palavra vale mais do que um pedaço de papel”, reagiu.

Apesar das milhares de mortes em países como Itália (mais de 8 mil), Estados Unidos (mais de mil), Espanha (mais de 4 mil) e China (mais de 3 mil), Bolsonaro afirmou que “o povo foi enganado” sobre a gravidade da infecção e que a previsão de milhares de mortes não se confirmou.

Ele também aposta no uso da hidroxicloroquina como saída para curar infecções, embora ainda não haja comprovação científica da eficácia. “Até agora, do pessoal que estou falando, é 100% a efetividade que está sem notando, 100%”, disse. Mais cedo, ele mostrou o medicamento durante reunião com líderes do G20.

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Live

Em live no Facebook nesta quinta, o presidente disse que a primeira pessoa a se preocupar com o grupo de risco é o próprio cidadão. “O governo está fazendo muita coisa, mas não tudo. O governo onde o Estado faz tudo é ditadura”, afirmou Bolsonaro, citando Cuba e Venezuela como exemplos. 

Presidente Jair Bolsonaro em live no Facebook Foto: Facebook/Reprodução

Ele voltou a defender a manutenção dos empregos e disse que está conversando para redirecionar o isolamento vertical, válido para idosos e pessoas com doenças. “É você pegar a pessoa idosa e isolar. Bota num hotel, aluga um hotel, coloca lá dentro. Com essa história de vale para todo mundo, chegou o desemprego.”  

A “neurose” de fechar tudo não está dando certo, disse Bolsonaro. “Para combater o vírus, estão matando paciente. Aí o pessoal fala: o cara tá mais preocupado com economia do que com a vida. Sem grana morre de fome, de depressão. Há uma relação direta entre o porcentual de pessoas desempregadas e a violência.” / COLABOROU BIANCA GOMES

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