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Bolsonaro chama fundo de R$ 5,7 bi de ‘casca de banana’ e volta a defender voto impresso

Após ter alta, presidente minimiza cobrança sobre aliados e responsabiliza vice da Câmara por aprovação do novo valor

Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Brenda Zacharias , Eduardo Rodrigues , Daniel Galvão , Marcelo Mota e Elizabeth Lopes
Atualização:

O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que a votação do aumento do fundo eleitoral para R$ 5,7 bilhões foi uma “casca de banana” dentro da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Logo após ter alta médica e deixar o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, o presidente procurou minimizar a cobrança sobre parlamentares bolsonaristas que endossaram o acréscimo de dinheiro público para as eleições do ano que vem.

Bolsonaro fala com repórteres na saída do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, após receber alta médica. Foto: Brenda Zacharias/ Estadão

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Pressionado por apoiadores nas redes sociais, Bolsonaro deu a entender que pode vetar a proposta aprovada. Ele atribuiu a responsabilidade ao deputado Marcelo Ramos (PL-AM), que presidiu a sessão que deu aval na LDO ao fundo “turbinado” no próximo ano. Bolsonaro disse que o vice-presidente da Câmara atropelou a votação da LDO e não pôs em votação um destaque à redação que alteraria o texto para suprimir a previsão de reajuste da reserva eleitoral. O destaque, porém, foi sim colocado em votação, mas não foi aprovado.

“Então, num projeto enorme, alguém botou lá dentro essa casca de banana, essa jabuticaba. O Parlamento descobriu, foi tentando destacar para que a votação fosse nominal. Essa questão, o presidente Marcelo Ramos, do Amazonas...”, afirmou.

Ramos rebateu a acusação do presidente. Ele disse que apenas presidiu a sessão e argumentou que não houve protestos sobre a condução das votações pelos líderes do governo e nem pelo líder do partido do filho do presidente, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

O acréscimo do fundo eleitoral representou um aumento de 185% em relação aos R$ 2 bilhões de dinheiro público destinados aos partidos nas disputas municipais do ano passado.

Uma tentativa de barrar o chamado “fundão” teve o apoio de apenas cinco partidos. Cidadania, PSOL, Podemos e PSL foram os únicos a apoiarem uma mobilização feita pelo Novo, para rejeitar a reserva aprovada de R$ 5,7 bilhões. O PSL só se manifestou favorável 15 minutos depois que o destaque já tinha sido derrotado. Como a votação deste destaque foi simbólica, não é possível saber exatamente como votou cada parlamentar em relação a esse tema, especificamente. A única votação nominal feita refere-se ao texto geral da LDO.

“Eu sigo a minha consciência, sigo a economia e a gente vai buscar um bom sinal para isso tudo aí. Afinal de contas, eu já antecipo, R$ 6 bi pra fundo eleitoral, para financiamento de campanhas, pelo amor de Deus”, afirmou Bolsonaro. Nas redes sociais, apoiadores do presidente pediram que ele vete o fundo eleitoral de 2022. Com as hashtags #VetaBolsonaro e #VetaPresidente, perfis ecoaram as falas do presidente em coletiva.

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Ainda na temática eleitoral, Bolsonaro aproveitou a presença dos jornalistas para voltar a criticar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luís Roberto Barroso, pela defesa da urna eletrônica. “Por que essa vontade doida do Barroso de manter o sistema como está?”, perguntou.

Bolsonaro estava internado desde a quarta-feira passada. e vinha apresentando melhora gradativa. Ele seguirá com acompanhamento ambulatorial da equipe médica assistente.

O presidente saiu pela porta da frente do hospital, pouco antes das 10h. Bolsonaro usava máscara ao deixar o hospital, mas retirou a proteção para conversar com a imprensa. Durante meia hora, ele comentou sobre seu estado de saúde, voltou a criticar medidas de isolamento contra a covid-19 e citou outro medicamento que, afirma, pode ser um novo tipo de tratamento para a doença.

Medicamento

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O presidente mencionou que pediria uma investigação sobre a proxalutamida – medicamento que vem sendo alardeado em mensagens enganosas que repercutem os resultados de uma pesquisa clínica, que ainda não foi detalhada em artigo científico ou analisada por cientistas independentes.

“O que me surpreende é que a gente vê o mundo, os países, investindo em remédios, para curar o covid. Se você fala aqui em cura do covid, você passa a ser criminoso. Você não pode falar em cloroquina, ivermectina, e tem uma coisa que eu já acompanho há algum tempo, e nós temos que estudar aqui no Brasil, chama-se proxalutamida”, afirmou.

‘Quem articulou a votação foram os líderes do governo’, rebate vice-presidente da Câmara

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 O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), rebateu a acusação do presidente Jair Bolsonaro de que ele seria o principal responsável pela aprovação de R$ 5,7 bilhões para o fundo eleitoral em 2022. Ramos presidiu a sessão que deu aval ao montante na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). 

“Eu não tenho muito tempo para ficar batendo boca com o presidente (Bolsonaro) por conta dessas palavras que ele joga ao vento. Mas quero lembrar com muita serenidade ao presidente que quem encaminhou a LDO com previsão de fundo eleitoral para o Congresso foi o governo dele. E quem articulou a votação na CMO (Comissão Mista de Orçamento) para definir o valor e quem articulou a votação em plenário foram os líderes do governo dele”, respondeu Ramos.

O deputado disse ainda que não houve protestos sobre a condução das votações pelos líderes do governo e nem pelo líder do partido do filho do presidente, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). “Vale a pena lembrar que eu nem voto nessa matéria, porque só presidi a sessão. Quem votou a favor foram os filhos dele, tanto na Câmara (Eduardo) quanto no Senado (Flávio)”, acrescentou Ramos. “Ele (Bolsonaro) deveria é dizer que vai vetar, mas vai tentar arrumar alguém para responsabilizar também, porque é típico dele e dos filhos correr das suas responsabilidades e obrigações”, completou o vice-presidente da Câmara.

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