O presidente Jair Bolsonaro recebeu alta no começo da tarde deste sábado, 26, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Na manhã de sexta-feira, Bolsonaro se submeteu a uma cirurgia para a retirada de um cálculo da bexiga.
Em boletim médico divulgado às 9 horas deste sábado, a equipe médica informou que havia retirado a sonda vesical do presidente."O excelentíssimo presidente da República Jair Bolsonaro segue com ótima evolução clínica e sem complicações cirúrgicas. Não apresenta sangramentos e está afebril. Foi retirada a sonda vesical para que ele urine espontaneamente. O paciente está recebendo hidratação oral e caminhando fora do quarto", dizia o informe assinado pelos médicos Leandro Santini Echenique, Leonardo Lima Borges e Miguel Cendoroglo.
Esta é a sexta cirurgia pela qual Bolsonaro passa desde que levou uma facada durante a campanha presidencial no dia 6 de setembro de 2018. Segundo o próprio presidente, a retirada do cálculo não está relacionada ao crime. "Esse cálculo aqui é de estimação. Eu tenho há mais de cinco anos, está na bexiga. É maior do que um grão de feijão. Resolvi tirar porque deve estar aí ferindo internamente a bexiga", disse ele no início do mês ao anunciar a um grupo de apoiadores que faria a intervenção.
Saiba mais sobre o procedimento e relembre cirurgias anteriores de Bolsonaro
O que é e como se forma um cálculo na bexiga?
Segundo o secretário-geral da Sociedade Brasileira de Urologia, Alfredo Canalini, cálculos urinários podem aparecer quando substâncias presentes na urina, como cálcio, fosfato e ácido úrico se aglutinam, formando uma pedra.
Canalini diz que algumas situações podem favorecer o aparecimento dos cálculos, como quando a pessoa não bebe muita água. “É uma situação relativamente comum”, afirma o urologista, que explica que os cálculos urinários em geral se formam no rim e podem descer pelo ureter, caindo na bexiga. “Ou você pode ter o cálculo que se forma primariamente na bexiga, mas isso não é o mais comum.”
“(O cálculo urinário) é uma doença muito frequente”, afirma o professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo Roni de Carvalho Fernandes. “As pedras dentro do sistema urinário podem ser de vários tamanhos, e um cálculo do tamanho de um grão de feijão não é tão grande.”
Quais os sintomas?
Segundo o urologista Alfredo Canalini, o cálculo em geral provoca dor quando obstrui a passagem do ureter, causando acúmulo da urina e inchando o rim. “E, quando o rim incha, dói. Essa é a cólica renal”.
Já os cálculos na bexiga, segundo o médico, não costumam ser motivo de dor, embora isso possa acontecer. Mesmo assim, Canalini diz que costuma aconselhar a retirada da pedra, uma vez que a tendência é que os cálculos cresçam, levando à necessidade de cirurgias mais complexas para sua remoção.
O urologista Roni de Carvalho Fernandes pontua ainda que pedras na bexiga também podem gerar sintomas na hora de urinar. “(O paciente) pode ter dor, sangramento para urinar, aumento da frequência e urgência para ir ao banheiro.”
Como é feita a cirurgia para retirar o cálculo?
O procedimento é considerado simples e minimamente invasivo. A cirurgia é feita com um endoscópio, que segue através da uretra (canal pelo qual urinamos) até chegar à bexiga. “Pela visão da endoscopia, você localiza o cálculo e dá ‘tirinhos’ de laser na pedra, que vai se fragmentando.
Se ela se fragmenta muito bem, o paciente vai até uriná-la espontaneamente. Ou você pode quebrar essa pedra em pedaços e, com pinças delicadas, tirar essas pedrinhas pelo aparelho endoscópico”, afirma Alfredo Canalini. “O paciente dorme durante o procedimento e não sente absolutamente nada da barriga para baixo. E a recuperação, em geral, é bem tranquila.”
“O procedimento é de baixa complexidade, com período de internação curto e uma boa evolução no pós operatório. Normalmente, a gente orienta o paciente a ficar um ou dois dias internado”, diz Roni de Carvalho Fernandes.
Por quais outras cirurgias Bolsonaro já passou desde 2018?
- 6 de setembro de 2018 -Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora (MG): Operação de urgência após ser atingido com uma facada por Adélio Bispo em ato de campanha
- 12 de setembro de 2018 - Hospital Albert Einstein, em São Paulo: Cirurgia de emergência em razão de uma complicação causada pela aderência das paredes do intestino
- 28 de janeiro de 2019 - Hospital Albert Einstein, São Paulo: Retirada da bolsa de colostomia
- 8 de setembro de 2019 - Hospital Vila Nova Star, São Paulo: Cirurgia para correção de uma hérnia incisional na região da área atingida pela facada
- 30 de janeiro de 2020 - Hospital das Forças Armadas (HFA), Brasília: Vasectomia. Foi a segunda vez que ele passou pelo procedimento médico de esterilização para homens que não desejam ter mais filhos biológicos.