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Bolsonaro perguntou se deputada foi prostituta, diz Joice em CPMI das Fake News

Segundo a parlamentar, em uma conversa privada o presidente teria questionado passado profissional de Carla Zambelli

Por Gregory Prudenciano e Patrik Camporez
Atualização:

BRASÍLIA – A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) revelou nesta quarta-feira, 4, uma conversa privada que teria tido com o presidente da República, Jair Bolsonaro, após ele ter sido eleito. Em depoimento na CPMI das Fake News, ela afirmou que o Bolsonaro quis saber se a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), de quem Joice é desafeta, trabalhou como prostituta na Espanha.

O assunto veio à tona após Zambelli acusar Joice de ter tentado desqualificá-la junto ao presidente, inclusive entregando para ele um dossiê com informações falsas ainda durante as eleições de 2018. Tal dossiê, narrou Zambelli, “dizia que eu era abortista e drogada. Tive que fazer exame toxicológico para desmentir isso”.

Ex-líder do governo no Congresso, adeputada Joice Hasselmann (PSL-SP) presta depoimento à CPMI das Fake News. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

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Ao se defender, Joice chamou Zambelli de “mentirosa e burra”, e disse que foi o próprio presidente quem perguntou sobre o suposto passado dela. Também negou a existência de um dossiê. “Quem me perguntou, textualmente, na sala, olhando no meu olho, se você tinha sido prostituta na Espanha, depois de eleito, foi o presidente. Pergunta para ele”, rebateu Joice. Procurado, o Palácio do Planalto não se manifestou sobre o assunto até o momento.

A sessão foi marcada para ataques entre bolsonaristas e ex-aliados do presidente. Segundo Joice, um dos mais ativos grupos de propagadores de notícias falsas e difamações seria o chamado “gabinete do ódio”, integrado pelos assessores especiais da Presidência da República Filipe Martins, Tercio Arnaud, José Matheus e Mateus Diniz. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) apresentou um requerimento para que a CPMI peça à Justiça a apreensão dos computadores usados por servidores que integrariam o “gabinete do ódio” sejam recolhidos para análise.

Um único disparo por robôs custa, em média, conforme a parlamentar, R$ 20 mil. “De maneira, digamos, legal, comprovável imediatamente, (são destinados) praticamente R$ 500 mil, de dinheiro público, para perseguir desafetos. Essa é a função do ‘gabinete do ódio’. Nós estamos falando de crime. Caluniar, difamar e injuriar são crimes previstos no Código Penal”, disse a deputada, que também foi alvo de ataques de bolsonaristas.

Joice afirmou não saber quem financia tal cadeia de difamação, mas sugeriu à comissão que “siga o rastro do dinheiro porque estamos falando de milhões”. Apesar de não apontar eventuais financiadores do esquema, a deputada declarou que boa parte da fonte das notícias falsas e campanhas difamatórias têm origem em gabinetes de políticos aliados do governo.

Joice acusa Eduardo e Carlos de acionarem ‘Gabinete do Ódio’

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Ex-líder do governo Bolsonaro no Congresso, Joice acusou o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC), filhos do presidente Bolsonaro, de pautarem a ação do “gabinete do ódio”. Outro influenciador ligado ao grupo seria “o guru” Olavo de Carvalho. “Eu quero crer que o presidente não sabe disso”, disse.

Joice disse que o próprio presidente tem publicações impulsionadas por robôs. “São quase dois milhões de robôs seguindo dois perfis, sendo 1,4 milhão no perfil de Jair Bolsonaro e 468 mil no perfil de Eduardo Bolsonaro”, revelou.

Ao ser questionado pela imprensa sobre a atuação do “gabinete do ódio”, Bolsonaro afirmou ontem: “Inventaram o ‘gabinete do ódio’ e alguns idiotas acreditaram. Outros idiotas vão até prestar depoimento, como tem um idiota prestando depoimento uma hora dessas lá.”

A deputada do PSL de São Paulo afirmou ter começado a investigar as estratégias de difamação de antigos aliados de Bolsonaro desde que foi destituída da liderança do governo e passou ela própria a ser alvo dos ataques.

Além da própria deputada do PSL, teriam sido vítimas das milícias virtuais ex-ministros, como Gustavo Bebianno e Carlos Alberto Santos Cruz, além do vice-presidente Hamilton Mourão. Também citou como alvos o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os deputados Alexandre Frota (PSDB-SP), Dayanne Pimentel (PSL-BA), Delegado Waldir (PSL-GO) e youtubers e artistas

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