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Bolsonaro não tem mais nenhuma relação com o PSL, diz presidente do partido

Para Luciano Bivar, presidente tenta mostrar que não tem envolvimento com investigações de supostas candidaturas 'laranjas' do PSL em MG

Por Mariana Haubert
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), disse nesta quarta-feira, 9, considerar que o presidente Jair Bolsonaro já decidiu pela saída do partido. 

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"Quando ele diz a um estranho para esquecer o PSL, mostra que ele mesmo já esqueceu. Mostra que ele não tem mais nenhuma relação com o PSL", afirmou o dirigente partidário ao Broadcast Político/Estado

Na terça, Bolsonaro disse a um apoiador que se identificou como pré-candidato pela legenda no Recife para que ele esquecesse o partido e afirmou que Bivar "está queimado para caramba". O presidente, segundo apurou o Estado, avalia deixar a legenda. Seria a nona troca de sigla de Bolsonaro

Luciano Bivar, presidente nacional do PSL Foto: Dida Sampaio/Estadão

Bivar disse não entender o que motivou o presidente a dar tais declarações. "Ontem (terça) mesmo eu recebi um convite para ir a uma cerimônia no Palácio do Planalto e tinha um jantar marcado com o ministro da Justiça, Sérgio Moro. Então, não vi indicativo nenhum", disse.

Para ele, a intenção do presidente ao atacar o PSL é mostrar que não tem envolvimento com denúncias sobre irregularidades envolvendo a candidaturas de mulheres que teriam sido usadas como "laranjas" para obter recursos públicos. "Acho que ele quis sair porque tem preocupação com as denúncias de laranjas. Ele quer ficar isento dessas coisas", afirmou Bivar.

Na semana passada, o Ministério Público de Minas Gerais denunciou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, por irregularidades envolvendo candidaturas de mulheres nas eleições de 2018. Antônio presidia o PSL mineiro à época.

Cálculo político

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Outro fator apontado pelo presidente do PSL para justificar o ataque de Bolsonaro à legenda seria um cálculo político do presidente para garantir a sua reeleição. "Ninguém é eleito presidente sem ter acertos. Como ele vem em um processo de reeleição, talvez ele saiba qual é o melhor caminho a ser seguido. Espero que ele tenha sucesso", disse. 

Embora ainda não tenha definido o seu destino, Bolsonaro avalia vários cenários políticos e deseja um partido que possa controlar, para impulsionar sua candidatura à reeleição, em 2022. A União Democrática Nacional (UDN) já pediu registro como partido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e quer que o presidente se filie à sigla.   

A saída de Bolsonaro pode provocar uma debandada no PSL. Dirigentes do partido ouvidos pelo Estado afirmam que o presidente pode levar consigo até 15 dos 53 deputados federais, além de dois dos três senadores - Flávio Bolsonaro (RJ) e Soraya Thronicke (MS). 

Bivar, no entanto, afirma não se preocupar com um eventual esvaziamento da legenda. "Redução ou aumento da bancada não representa nada, o importante é manter a nossa linha de conduta e dignidade", afirmou. 

Ele diz ainda que as bancadas no Congresso continuarão apoiando as pautas do governo. "Nenhuma turbulência vai alterar o comportamento do partido", disse. 

Questionado sobre se pretendia procurar Bolsonaro para conversar, Bivar afirmou não ver motivos para procurá-lo agora. "Tenho que respeitar a posição dele, não vou ser invasivo ou inconveniente", afirmou. 

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