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Governo escala ministros-deputados para ajudar Lira na disputa da Câmara

Bolsonaro exonerou Tereza Cristina e Onyx Lorenzoni, que reassumem mandatos de deputados; expectativa é que ocorra o mesmoFábio Faria

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Por Camila Turtelli e Mariana Hallal
Atualização:

BRASÍLIA e SÃO PAULO – Num esforço para fazer de seu aliado Arthur Lira (PP-AL) o novo presidente da Câmara dos Deputados, a três dias da eleição, o presidente Jair Bolsonaro convocou representantes do seu primeiro escalão para votar no Congresso. Os ministros da Agricultura, Tereza Cristina (DEM), e da Cidadania, (DEM), Onyx Lorenzoni (DEM) foram exonerados nesta sexta-feira, 29, para reassumir seus mandatos como deputados. A expectativa é que Fábio Faria (Comunicações) também seja. 

A ajuda dos ministros deve ir além dos três votos a favor de Lira. A missão é também a de ouvir demandas e manter um "tete a tete" com os parlamentares. Com a pandemia, foram poucas as vezes em que tiveram chance de circular por um Congresso cheio e fazer política no chão do plenário no último ano.

Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni Foto: Gabriela Biló/ Estadão - 6/8/2019

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Como revelou o Estadão nesta quinta, 28, o Palácio do Planalto destinou R$ 3 bilhões para 250 deputados e 35 senadores aplicarem em obras em seus redutos eleitorais em meio a disputa pelo comando da Câmara e do Senado. A oposição vai ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Procuradoria Geral da República (PGR) sob a alegação de compra de votos. 

O governo nega a vinculação, mas o próprio presidente Bolsonaro afirmou na quarta-feira, 27, que “se Deus quiser vai participar e influir na presidência da Câmara”, com a eleição de Lira para a vaga ocupada hoje por seu adversário Rodrigo Maia (DEM-RJ). Além de verbas, o governo também tem oferecido cargos a quem aceite votar nos dois nomes do governo, segundo relatos de parlamentares.

As exonerações foram publicadas no Diário Oficial da União. Cristina e Lorenzoni substituirão parlamentares do PSL – sigla que já declarou apoio a Lira – e do PSDB, que segue indeciso. Além disso, os votos certamente diminuirão ainda mais o índice de fidelidade partidária do DEM, que conseguiu confirmar apenas 27% dos votos de sua bancada em favor de Baleia Rossi, como mostra o Placar da Eleição na Câmara, feito pelo Estadão

A presença de ministros na Câmara ocorre também no momento em que cresce a mobilização pelo impeachment de Bolsonaro. A condução do governo em relação à vacinação contra a covid-19 desgastou a imagem de Bolsonaro e provocou protestos nas últimas semanas. O número de pedidos para saída do presidente também cresceu na Câmara e já chegam a 59. 

Neste cenário, a influência da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, é um trunfo para o Palácio do Planalto. Segundo deputados da base do governo, ela foi o “principal ativo” na negociação com a China para a liberação de insumos da vacina, e, antes mesmo, chegou a ser cogitada como nome para concorrer à presidência da Câmara pelo Palácio do Planalto.

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Deputada pelo DEM de Rodrigo Maia, Tereza Cristina é uma das apoiadoras de primeira hora de Bolsonaro e foi indicada ao primeiro escalão pela Frente Parlamentar da Agropecuária do Congresso, a chamada bancada ruralista. Ela pode ter influência entre os deputados indecisos do grupo, comandada por Alceu Moreira (MDB-RS), aliado do candidato Baleia Rossi (MDB-SP).

Na mesma linha, Fabio Faria (PSD-RN) é um dos principais articuladores do governo Bolsonaro e foi o último dos três ministros a deixar a Câmara, quando assumiu o Ministério das Comunicações em junho do ano passado. Seu partido já apoia oficialmente Lira, mas pode ter defecções.

Onyx, por sua vez, já fez campanha para o governo na última eleição do Congresso. Aliado de Davi Alcolumbre (DEM-AP), ele trabalhou em 2019 pela sua candidatura à presidência do Senado. Sua pasta, da Cidadania, atrai interesse de parlamentares por ser responsável por programas sociais, como o Bolsa Família.

Racha no DEM

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No início da semana, deputados da bancada baiana do DEM aderiram à candidatura de Lira. O grupo dissidente, comandado pelo presidente nacional do partido e ex-prefeito de SalvadorACM Neto, provocou Rodrigo Maia, que afirmou que sigla pode pegar pecha de "partido da boquinha".

A crítica de Maia vem do fato de parte dos parlamentares que anunciaram apoio a Lira possuírem apadrinhados em órgãos como a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), órgãos federais de orçamentos robustos.

O Diário Oficial não traz a nomeação de substitutos para as pastas da Agricultura e da Cidadania.

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