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Bolsonaro diz querer vice que o 'ajude' caso seja reeleito

'Não é fácil estar na Presidência, muitas vezes, sozinho', afirmou o mandatário; não é a primeira vez que ele demonstra desarmonia com o vice Hamilton Mourão

Por Lucas Melo
Atualização:

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse neste domingo, 19, que o general Hamilton Mourão pode “até” ser seu vice novamente na chapa que irá compor para 2022, mas que vai optar por um nome que o “ajude”, já que, segundo ele, “não é fácil estar na Presidência, muitas vezes, sozinho”. A declaração foi feita em Praia Grande, no litoral paulista, região onde o mandatário passa este fim de semana. 

Bolsonaro e Mourão demonstram desarmonia desde a campanha presidencial de 2018, mas a tensão entre eles se acentuou durante o governo. O chefe do Planalto já negou pedidos do vice — por exemplo, deixando-o de fora de comitivas oficiais — e ambos já fizeram críticas um ao outro publicamente. Em julho deste ano, o presidente disse que Mourão “atrapalha um pouco”, mas que ele tem de aturar.

Desarmonia entre o presidente Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão afasta repetição da chapa em 2022. Foto: Adriano Machado/Reuters

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“O pessoal dá tapinhas nas costas quando tem medida positiva. Quando tem uma salgada, ninguém quer ficar ao seu lado”, afirmou o presidente neste domingo. Em artigo publicado hoje no Estadão, Mourão defendeu o fim do "nós contra eles" e argumentou que o importante para 2022 "é um projeto de país que contemple todos os brasileiros, e não um projeto de poder".

Durante a entrevista em Praia Grande, o chefe do Executivo ouviu um “Lula 2022”. Logo após, apoiadores do chefe do executivo vaiaram a pessoa responsável pelo protesto e gritaram “na cadeia” em resposta.

Bolsonaro disse ainda que vai evitar “oportunistas” — pessoas que, segundo ele, fingem apoiá-lo "desde criancinha” visando palanque eleitoral — ao costurar acordos para os governos estaduais no ano que vem. “Muita gente quer entrar no partido (PL), mas poucos entrarão”, disse. A filiação do presidente à legenda de Valdemar Costa Neto levou no bojo alguns de seus seguidores fiéis, como o filho e senador Flávio Bolsonaro e o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni

Bolsonaro confirmou que vai apoiar o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, para o governo de São Paulo; para Santa Catarina, o escolhido será o senador Jorginho Mello, do PL; e para Goiás, o deputado federal Major Vitor Hugo (PSL). O mandatário também afirmou que vai exercer "bastante" influência nas candidaturas ao Senado. 

Anvisa

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O presidente voltou a criticar a decisão da Anvisa que autorizou a aplicação da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. O assunto movimentou o governo na última semana. Na quinta-feira, 16, o Ministério da Saúde declarou que vai analisar a decisão da agência antes de acatá-la.

“Vacina em crianças, só com autorização dos pais. Se algum prefeito ou governador ditador quiser impor é outra história", disse o presidente.

Bolsonaro revelou ter telefonado para o ministro Marcelo Queiroga, da Saúde, para dar diretrizes sobre o assunto. "Obviamente, ele é quem bate o martelo por ser o médico da equipe", afirmou o chefe do Planalto, dando a entender que ele e o ministro da Pasta estão em concordância nesse quesito.

Na última quinta-feira, Bolsonaro intimidou técnicos da agência e ameaçou divulgar os nomes de quem foi favorável à aprovação. Em resposta, o presidente da Anvisa afirmou que a informação já está disponível nos portais da transparência do governo. Hoje, o presidente disse em tom de ironia que "quem faz um ato 'delitoso' tem que se apresentar para ganhar medalha".

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