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Bolsonaro diz que STF é ‘verdadeiro santuário’ para Justiça

Presidente faz aceno ao Supremo e diz que ministro Luiz Fux, novo presidente da Corte, pode contar com o governo federal

Foto do author Julia Lindner
Por Julia Lindner e Matheus de Souza
Atualização:

BRASÍLIA - Após uma série de embates com o Supremo Tribunal Federal (STF) nos últimos meses, o presidente Jair Bolsonaro fez vários acenos à Corte, chamada por ele de “verdadeiro santuário” para a Justiça. Ao chegar de surpresa na sessão de despedida do presidente do STF, Dias Toffoli, nesta quarta-feira, 9, Bolsonaro destacou a importância de ter ouvido conselhos sobre a harmonia, o diálogo e o entendimento em momentos difíceis. Afirmou, também, que o ministro Luiz Fux, que toma posse como presidente da Corte nesta quinta-feira, 10, poderá contar com o apoio do governo.

Desde o início de seu mandato, Bolsonaroteve incontáveis problemas com o STF Foto: Marcos Corrêa / PR

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Bolsonaro relembrou que, em breve, será o responsável por escolher um novo ministro para compor o Supremo, já que Celso de Mello vai se aposentar em novembro. “Cheguei aqui pelo voto e os senhores chegaram pela indicação de um presidente da República. Peço a Deus que me ilumine quando a oportunidade se fizer presente, pela idade, de indicar alguém que possa cooperar com esta Casa, com as suas responsabilidades. Porque aqui, muitas vezes, não apenas no Executivo, está em jogo a felicidade de um povo e o destino de uma Nação”, disse o presidente.

No início de seu discurso, Bolsonaro afirmou estar “emocionado” pela honra de sentar ao lado de Toffoli. “Até mesmo a Bíblia nos diz como é difícil a missão de julgar. Que Deus ilumine cada um dos senhores e das senhoras”, destacou. Desde o início de seu mandato, o presidente teve incontáveis problemas com o STF. Do inquérito das fake news ao julgamento que deu autonomia a governadores e prefeitos para a decretação do isolamento social na pandemia do coronavírus – passando pelo cancelamento da nomeação do diretor da Polícia Federal -, vários foram os confrontos do Planalto com a Corte.

Ao falar sobre a relação com Toffoli, Bolsonaro contou que os dois se conhecem há 20 anos, quando um ainda era deputado federal e o outro, “um honrado advogado”. “Dizer que a harmonia, o diálogo, o entendimento em momentos difíceis, apesar de (tu) seres (Toffoli) bem mais novo do que eu, isso foi muito importante para o destino do nosso Brasil. Dizer-lhe que quando, em muitos momentos, o chefe do Executivo procurou o Supremo por muitas vezes, em decisões monocráticas, Vossa Excelência muito bem nos recebeu e muitas vezes nos surpreendeu com a capacidade de se antecipar a problemas”, elogiou.

Em seguida, Bolsonaro afirmou que espera contar com Fux da mesma forma. “Dizer ao prezado ministro Fux, ao qual tive a honra de receber o convite (para a posse) há poucos dias, se Deus quiser estarei aqui amanhã (hoje), torcendo e levando em minhas orações que Vossa Excelência conduza essa Casa da mesma forma que os teus antecessores. Tenho certeza disso”, disse. “Pode contar com o apoio do governo federal, se precisar de nós estamos à disposição. Assim como Vossa Excelência falou que o que eu precisar do STF, assim como tive com Dias Toffoli, terei também com Vossa Excelência”, emendou o presidente. Nos discursos, não houve nenhuma menção sobre a operação da Lava Jato, que atingiu o filho do presidente do STJ Eduardo Martins.

Toffoli afirmou que o gesto do presidente em participar da sessão foi uma "homenagem à Corte, ao Supremo Tribunal Federal e à democracia". Bolsonaro chegou ao STF acompanhado pelos ministros Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e José Levi (Advocacia-Geral da União).

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