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'Tem que todo mundo comprar fuzil, pô', diz Bolsonaro

Presidente também chama de 'idiota' quem diz que precisa comprar feijão: 'Cara, se você não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar'

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Foto do author Eduardo Gayer
Por Eduardo Gayer e Sofia Aguiar
Atualização:

Com a inflação superior a dois dígitos em algumas capitais, puxada principalmente pelo preço de alimentos básicos como arroz e feijão, o presidente Jair Bolsonaro aconselhou os apoiadores a comprarem fuzil, mesmo que seja caro.

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"Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado. Eu sei que custa caro. Aí tem um idiota: 'Ah, tem que comprar é feijão'. Cara, se você não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar", disse Bolsonaro, em frente ao Palácio da Alvorada nesta sexta-feira, 27.

A resposta foi dada quando um apoiador perguntou se havia novidade para os CACs, que incluem caçadores, atiradores e colecionadores. "O CAC está podendo comprar fuzil. O CAC que é fazendeiro compra fuzil 762", afirmou o presidente.  No governo Bolsonaro uma série de decretos foram ediados para facilitar o acesso da população a armas e munições. Em setembro de 2019, por exemplo, o presidente sancionou uma lei que ampliou a posse de arma dentro de propriedade rural.

Pelas regras anteriores do Estatuto do Desarmamento, o dono de uma fazenda só poderia manter uma arma dentro da sede da propriedade. Com a nova norma, ele pode andar armado em toda a extensão do imóvel rural.

“Estão dizendo que quero dar golpe. São idiotas, já sou presidente”, declarou Bolsonaro. Ele, no entanto, vem reiterando que  as eleições de 2022 poderiam não ocorrer sem a adoção do voto impresso, proposta do governo derrotada na Câmara. Além dele, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, fez a mesma ameaça ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por meio de um interlocutor, como revelou o Estadão/Broadcast Político.

Bolsonaro disse, mais uma vez, que não quer inflação alta, mas que não depende de seu governo. Foto: Evaristo Sá/ AFP

Novamente convocando simpatizantes para as manifestações marcadas para 7 de setembro, o presidente disse que fará um discurso mais longo no ato da Avenida Paulista, em São Paulo. Segundo Bolsonaro, os atos vão mostrar para o mundo “que o Brasil está sofrendo”. “O que está em risco é o futuro de vocês e a minha vida física. Tem uma van ali para evitar o sniper. É o tempo todo essa preocupação do que pode acontecer”, afirmou.

Mantendo sua posição de confronto com outros poderes, Bolsonaro afirmou que não pode sofrer interferências de outros entes da federação. “Não quero interferir do lado de lá, nem vou, mas precisam me deixar trabalhar do lado de cá. “Está difícil governar o País dessa forma”, declarou, desferindo novos ataques indiretos, ainda, a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “Não pode um ou dois caras estragar a democracia no Brasil. Começaram a prender na base do canetaço, bloquear redes sociais. Agora o câncer já foi para o TSE. Temos que colocar um ponto final nisso”.

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'Não teve aumento de nada no meu governo', diz o presidente, com inflação acumulada em 9%

Bolsonaro disse, mais uma vez, que não quer inflação alta, mas que não depende de seu governo. O controle da alta de preços, no entanto, é a principal missão do Banco Central, que tem instrumentos para desacelerar a inflação.

“Não teve aumento de nada no meu governo”, declarou o chefe do Executivo a apoiadores nesta manhã, embora os números da inflação mostrem que alimentos, energia elétrica, combustíveis e outros itens tiveram os preços acelerados nos últimos meses.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – inflação oficial do País – registrou alta de 0,96% em julho, chegando a 8,99% no acumulado dos últimos 12 meses, maior percentual desde maio de 2016, quando estava em 9,32%. Em 2021, o IPCA acumula alta de 4,76%.

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Apesar de reconhecer o alto custo de vida nacional, Bolsonaro voltou a dizer que “a economia deu uma balançada, mas estamos consertando”.

Reforçando as críticas contra os medidas adotadas pelos governadores no combate à pandemia da covid-19, Bolsonaro disse que “político preocupado com vida do pobre está de sacanagem”. O presidente, no entanto, ponderou que lamenta as mortes pela doença. “Mas acontece, a vida é essa, mas destruir o País por causa disso?”.

Para driblar a crise hídrica no País, o presidente reforçou pedido feito na quinta-feira (26), em transmissão ao vivo pelas redes sociais, para a população reduzir o consumo de energia nas casas. “Vamos apagar luz em casa, ajude a economizar energia”, apelou Bolsonaro. Ainda que o governo federal se recuse a falar em racionamento, o chefe do Executivo reconheceu que “não tem mais água nas hidrelétricas”.

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