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Bolsonaro dispensa, a pedido, Chico Rodrigues da função de vice-líder do governo no Senado

Senador foi flagrado com dinheiro escondido na cueca durante abordagem de policiais federais

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Foto do author Luci Ribeiro
Foto do author Daniel  Weterman
Por Luci Ribeiro (Broadcast) e Daniel Weterman
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro destituiu o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) do cargo de vice-líder do governo no Senado, por meio de edição extraordinária do Diário Oficial da União (DOU). Chico Rodrigues representava o Palácio do Planalto dentro do Congresso e foi escolhido diretamente pelo presidente para atuar como representante do governo entre os parlamentares.

A decisão ocorre um dia depois que o senador foi flagrado com dinheiro escondido na cueca durante a abordagem da Polícia Federal, em operação que investiga irregularidades na aplicação de recursos que deveriam ser usados no combate à covid-19. A dispensa, de acordo com a mensagem publicada no DOU, foi feita "em atenção ao pedido" do senador.

O vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues (DEM-RR). Foto: Jefferson Rudy/ Agência Senado

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"Nos termos do art. 66-A do Regimento Interno dessa Casa do Congresso Nacional, em atenção ao pedido do Senhor Senador Francisco de Assis Rodrigues, solicito providências para a sua dispensa da função de Vice-Líder do Governo no Senado Federal", informa a mensagem.

Mais cedo, Bolsonaro tentou se desvincular das acusações envolvendo o senador. Em conversa com apoiadores, o presidente admitiu que há desvios de dinheiro público destinado pela União para Estados e municípios, mas repetiu que não há corrupção em seu governo.

"Alguns acham que toda corrupção tem a ver com o governo. Não. Nós destinamos aí dezenas de bilhões para Estados e municípios, têm as emendas parlamentares também e, de vez em quando, não é muito raro, a pessoa faz uma malversação desse recurso. Agora, a CGU (Controladoria-Geral da União) está de olho, a nossa Polícia Federal está de olho e tomamos decisões", afirmou o presidente aos apoiadores.

O senador Chico Rodrigues e o presidente Jair Bolsonaro, que já disse ter 'quase uma relação estável' com o parlamentar Foto: Twitter/Reprodução

Em seguida, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que seria bom "voluntariamente" Chico Rodrigues deixar o cargo. "Até para poder, vamos colocar assim, se defender das acusações que tem de forma mais livre", disse. Assim como Bolsonaro, Mourão tentou desvincular o caso do governo. "Se a corrupção fosse aqui, de algum ministro ou membro do primeiro escalão do governo, é outra questão, diferente do que aconteceu em outros períodos aqui do País", declarou o vice-presidente.

Chico Rodrigues, porém, foi nomeado pelo próprio presidente da República para exercer o cargo de vice-líder no Senado, ainda em 2019. O senador foi alvo de uma operação da PF em Boa Vista ontem, mesmo dia que Bolsonaro disse que daria uma "voadora no pescoço" de quem se envolver em corrupção no seu governo. Dias antes, Bolsonaro afirmara ter "acabado" com a Operação Lava Jato por não haver corrupção em seu governo.

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Em vídeo que voltou a circular nas redes sociais nesta quinta-feira, o senador se refere ao presidente como um amigo de "mais de 20 anos de Câmara dos Deputados" e ouve como resposta de Bolsonaro que a parceria entre os dois "é quase uma união estável".

Chico Rodrigues foi pego com dinheiro escondido na cueca durante a abordagem dos policiais. A investigação, sob sigilo, apura desvios de recursos públicos destinados ao combate da pandemia oriundos de emendas parlamentares. A ordem de busca e apreensão foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso.

Segundo o Estadão/Broadcast apurou com duas fontes que tiveram acesso a informações da investigação, foram encontrados R$ 33.150,00 na cueca do vice-líder do governo Jair Bolsonaro e outros R$ 10 mil e US$ 6 mil em um cofre. A investigação investiga indícios de irregularidades em contratações feitas com dinheiro público que teriam gerado sobrepreço de quase R$ 1 milhão. 

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