Bolsonaro começa a sofrer pressão das ruas com carreatas e protestos

Atos foram organizados desde a oposição à esquerda até os movimentos MBL e Vem Pra Rua, de direita

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Por Bianca Gomes
Atualização:

Ao mesmo tempo em que aumentam os pedidos de impeachment na Câmara dos Deputados, o presidente Jair Bolsonaro passa a enfrentar uma maior pressão vinda das ruas. No último final de semana, manifestantes se reuniram em carreatas e protestos pedindo a saída do presidente do cargo e cobrando o início da vacinação no País. 

Moradores da capital em protesto contra o presidente Jair Bolsonaro Foto: Gabriela Biló/Estadão

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O ato de domingo foi organizado pelos movimentos MBL e Vem Pra Rua, que encabeçaram os protestos contra Dilma Rousseff, afastada da Presidência em 2016. Eles repetiram, inclusive, o trajeto do primeiro ato contra a ex-presidente, e compartilharam nas redes sociais a hashtag #DireitaQuerForaBolsonaro.

A ida de milhões de brasileiros às ruas em 2016 foi ponto crucial para pressionar o Congresso pela derrubada da presidente petista. No caso de Bolsonaro, os atos ainda são incipientes e encontram como empecilho a pandemia do novo coronavírus e os riscos de aglomeração. Entretanto, é motivo de preocupação o momento coincidir com a queda de sua popularidade e as acusações de crimes de responsabilidade durante a pandemia.

“Queda acentuada da popularidade e intensa mobilização popular nas ruas, ambas por períodos duradouros, são duas condições necessárias para que seja aberto um processo de impeachment e, consequentemente, ocorra o afastamento na votação final pelo Senado”, diz José Mário Wanderley Gomes, doutor em Ciência Política e professor na Universidade Católica de Pernambuco. Sem essas variáveis, ele diz que o impedimento não passa de uma “hipótese possível”.

O cientista político Alberto Carlos Almeida afirma que os dois impeachments ocorridos no Brasil, de Fernando Collor e Dilma Rousseff, ocorreram após uma intensa mobilização na rua e um longo período de avaliação negativa. "E por que é assim? Pois o voto tem muito peso. Houve toda uma campanha eleitoral, um debate. Não é fácil tirar um presidente que passou por todo esse processo e tem uma legitimidade imensa. Para que o voto seja contrariado, é preciso algo forte: uma avalição muito baixa, por um período relativamente longo, e essas mobilizações de rua. São dois aspectos que obrigam a Câmara a tirar o presidente da República."

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