Bolsonaro chama Doria de 'moleque' e diz que ele e Maia querem sua cadeira para 'roubar'

Mais cedo, governador de São Paulo responsabilizou o governo federal pelo cenário de falta de tubo de oxigênio em Manaus

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Por Vinícius Valfré
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BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro reagiu nesta nesta sexta-feira, 15, a declarações de autoridades que o responsabilizam pela crise causada pela pandemia de covid-19 no País. Em entrevista ao apresentador José Luis Datena, da TV Band, o presidente atacou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), a quem chamou de "moleque", e disse que o tucano se aliou ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para o tirar do cargo.

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"Eles querem essa cadeira (de presidente) para roubar, para fazer o que sempre fizeram. Estamos dois anos sem corrupção, isso incomoda Maia e Doria", afirmou Bolsonaro, que costuma repetir a marca, ignorando a denúncia criminal contra o filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), acusado de comandar um esquema de "rachadinha" em seu gabinete quando era deputado estadual.

"Esse inferno que querem impor na minha vida não vai colar. E eu vou continuar fazendo meu trabalho. Não têm do que me acusar. Tem 40 a 50 processos de impeachment, não valem nada", continuou o presidente, em referência aos pedidos apresentados na Câmara que ainda aguardam uma decisão de Maia.

Mais cedo, em entrevista após almoço com o presidente da Câmara em São Paulo, Doria responsabilizou o governo federal pelo cenário de falta de tubo de oxigênio em Manaus, onde pacientes estão morrendo por asfixia, e acusou Bolsonaro de ser um "facínora".  Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem minimizado a doença, adotado posições contrárias a recomendações de autoridades sanitárias e já disse que não irá se vacinar.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, durante cerimônia de homenagem aos 160 anos da Caixa Foto: Gabriela Biló / Estadão

Ao rebater a declaração de Doria, Bolsonaro voltou a distorcer uma decisão do Supremo que reconheceu a autonomia de Estados e municípios para adotar medidas de enfrentamento contra a doença, mas não eximiu o governo federal de coordenar as ações. Na versão do presidente, no entanto, a Corte o "proibiu" de fazer qualquer coisa, o que é mentira.

"O Supremo me tirou esse direito em abril do ano passado. Eu não posso fazer nada no tocante ao combate ao coronavírus, segundo decisão do STF", afirmou Bolsonaro, dando uma interpretação própria à decisão.

O presidente também negou atraso da vacinação no País, o que só deve ocorrer a partir do próximo dia 20, enquanto mais de 50 países do mundo já iniciaram a imunizar sua população. Segundo ele, o Brasil já havia comprado vacinas desde novembro, em referência ao imunizante produzido pela Universidade de Oxford e a AstraZeneca. O País, no entanto, ainda não recebeu nenhuma dose do produto.

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Sobre a situação em Manaus, após dizer mais cedo que o governo já havia feito a sua "parte", Bolsonaro disse que tem feito "mais do que discurso". "O nosso governo está em Manaus, está no Amazonas para ajudar o povo. Mesmo proibidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) temos levado alento", disse.

Na manhã desta sexta-feira, em conversa com apoiadores, Bolsonaro declarou que "o problema em Manaus é terrível. Fizemos a nossa parte, com recursos e meios".

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