Na esteira da polêmica sobre os gastos do governo com alimentação, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que sua gestão diminuiu despesas com esse tipo de item, nos últimos anos. Acompanhado do ministro Wagner Rosário, da Controladoria-Geral da União (CGU), Bolsonaro concedeu entrevista à rádio Jovem Pan e disse que a Presidência da República gastou R$ 26 mil em dois anos de governo.
O presidente citou dados das despesas com gêneros alimentícios dos dois últimos anos do governo de Dilma Rousseff e da gestão de Michel Temer, que teriam gastado R$ 460 mil e R$ 250 mil, respectivamente. No último domingo, reportagem do portal Metrópoles mostrou que os gastos de toda a administração federal com alimentação em 2020 somaram mais de R$ 1,8 bilhão. A compra ganhou repercussão pelos altos valores dispendidos com itens como leite condensado (mais de R$ 15 milhões).
Bolsonaro disse que ficou "chateado" com a repercussão da notícia sobre gastos com leite condensado e comida. Nesta quarta-feira, 27, durante almoço em uma churrascaria com ministros, políticos aliados e cantores sertanejos, Bolsonaro xingou a imprensa pela divulgação dos valores.
"A gente fica chateado. Acabo de vez em quando explodindo, isso é do meu comportamento. Não adianta falar que vou mudar que não vou. Mas tudo bem, vamos tocar o barco, vamos em frente”, disse ele.
Após a polêmica, Wagner Rosário afirmou que recebeu do presidente a ordem de "varrer todos os sistemas" do governo para checar os valores disponibilizados.
Rosário observou que não ocorreu "ilegalidade" nos gastos do governo e, em tom de crítica, disse ter havido "interpretação equivocada" dos dados publicados no sistema Painel de Compras, do Ministério da Economia.
Segundo o ministro da CGU, os dados do Painel mostram o que o governo licitou, e não o que de fato comprou. Admitiu, ainda, que a plataforma agrupa itens e pode replicar valores.
Em nota divulgada nesta quinta-feira, 28, o Ministério da Defesa informou que, em relação às compras com leite condensado, "o valor total gasto pelas Forças Armadas, em 2020, foi de R$ 1.784.617,64". O titular da CGU afirmou que os desembolsos do governo têm sido mais "criteriosos" em razão do teto de gastos, que limita o crescimento das despesas à variação da inflação.