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BNB diz que investiga fraudes em caso que envolve Ciro Gomes

Banco nega 'complacência'; diretor é acusado de beneficiar empresa e favorecer campanha do deputado

Por Isabel Sobral
Atualização:

A direção do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) informou neste domingo, 30, por meio de nota à imprensa, que desde o dia 17 de setembro estão em andamento processos administrativos internos que investigam as responsabilidades pela liquidação de créditos da empresa Frutas do Nordeste do Brasil (Frutan). O banco está no centro de denúncias de fraudes reveladas neste final de semana pela revista Época que envolvem também o ex-ministro da Integração Nacional e deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) e seu irmão, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB).   Ainda de acordo com o banco, os processos estão em fase de ouvir os acusados. A nota também afirma que uma sindicância foi aberta em abril e encerrada em setembro para analisar o mesmo assunto. A direção do banco público negou que tenha sido "complacente" com qualquer irregularidade cometida na área de recuperação de crédito da instituição.   O BNB informa que "a instituição segue os mais rigorosos padrões de governança corporativa e seus resultados são permanentemente auditados e publicados". Além disso, sustenta que segue os padrões mais rigorosos de gestão de riscos e uma "política conservadora" de recuperação de seus créditos.   A reportagem da revista revela que a operação de crédito do BNB com a Frutan é suspeita de ter sido fraudada e, por isso, é alvo de investigações da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União (CGU). Segundo a reportagem, Victor Samuel Cavalcante da Ponte, diretor de Administração do BNB teria assinado um acordo que beneficiou a Frutan. Ponte foi também responsável pela arrecadação de recursos para a campanha do deputado Ciro Gomes e do governador Cid Gomes (PSB).   A reportagem revela que, de maneira irregular, Victor Ponte teria assinado um acordo que reduziu de R$ 65 milhões para R$ 6,6 milhões uma dívida da Frutan com o banco. Ainda segundo a revista, Ponte não tinha competência funcional para assinar o acordo e a redução da dívida teria desobedecido uma proibição expressa da Advocacia Geral da União (AGU), que alertou que o acordo só poderia ser feito na Justiça por envolver recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento do Nordeste.   O deputado Ciro Gomes também divulgou nota, no sábado, negando qualquer interferência em operações do BNB. Ele afirma que querer vincular o seu nome ao assunto é "forçar a barra", já que o banco é vinculado ao Ministério da Fazenda, e não à Integração Nacional. O fato de ter autorizado, em cartas, Ponte a arrecadar fundos para sua campanha teve o intuito de tornar transparente ação, mas não significa que ele seja responsável pelas ações posteriores de Ponte.

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