Blairo recusa assumir Transportes e enfraquece PR na disputa com Dilma

Nome preferido do partido para substituir Alfredo Nascimento alega questões pessoais e rechaça indicação da sigla, que, pela primeira vez, cogita aceitar a efetivação do interino Paulo Sérgio Passos

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Por Redação
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BRASÍLIA - O senador Blairo Maggi (PR-MT) recusou o convite da presidente Dilma Rousseff para ser o novo ministro dos Transportes. Ele ainda vai procurar a presidente para formalizar a recusa, mas, ao fim de reuniões na sexta-feira, 8, em Cuiabá, a decisão estava tomada. Assessores de seu grupo empresarial vetaram a indicação e ele decidiu ficar no Senado. Com a recusa, volta ao topo da lista de ministeriáveis o preferido da presidente e ministro interino, Paulo Sérgio Passos.

 

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Sem Blairo, um de seus principais líderes, dirigentes do PR já admitem no bastidor que, se não houver alternativa, o partido acatará a escolha presidencial, selando uma vitória do Planalto.

 

"O ideal para o partido é que o Blairo assuma, mas pessoalmente, como senador, acho que nós poderíamos caminhar para apoiar o Paulo Sérgio", defendeu o senador Clésio Andrade (PR-MG). No mesmo tom, um influente deputado do PR revelou que está disposto a trabalhar a bancada da Câmara em favor da solução "técnica" de manter o interino e tirar o partido da "linha de tiro das denúncias de corrupção".

 

Antes de embarcar para Cuiabá na quinta-feira, 7, Blairo disse a Clésio que tentaria convencer seu grupo empresarial a abrir mão dos contratos que tem com o governo, para que pudesse suceder a Alfredo Nascimento. Não conseguiu. "O grupo André Maggi detectou que há conflito de interesses e impedimento legal para que eu assuma o ministério", disse o próprio Blairo no fim da tarde de sexta-feira.

 

Mas ele aposta que nada acontecerá antes de terça-feira, 12, quando seu afilhado político e diretor afastado do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, vai depor na Comissão de Infraestrutura do Senado. O depoimento carrega um "potencial explosivo", mas um colega de Pagot no secretariado de Blairo no governo de Mato Grosso disse que "não existe a possibilidade de o Pagot entornar o caldo".

 

Esse interlocutor confirma que Pagot está "magoado e com raiva" por ter sido "jogado às feras" pelo Planalto em meio às denúncias de suposto esquema de corrupção com pagamento de propina a empresários nos Transportes. "Mas ele é um homem honrado e não vai cuspir no prato em que comeu", disse a fonte.

 

‘Traição’. O maior foco de resistência à tese de efetivar o interino não é Blairo e sim o ex-ministro. Nascimento e seus aliados consideraram "traição" o fato de Passos ter sido chamado ao Planalto por Dilma na terça-feira e não ter avisado ao partido ou ao ministro da reunião. O líder do PR no Senado, Magno Malta (ES), também criticou Passos pelo atendimento precário aos parlamentares. Mas políticos dos vários setores do PR entendem que o rompimento com o governo está fora do horizonte da legenda.

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Embora o presidente nacional do PR tenha muito peso na definição dos rumos da sigla, um dirigente adverte que o próprio Nascimento enfraqueceu sua posição quando pediu ao líder na Câmara, Lincoln Portela (MG), que anunciasse que ele não interferirá na escolha de seu sucessor. Esse dirigente entende que, além de se retirar publicamente do processo, Nascimento também sinalizou que ficará mais recolhido ao se licenciar no Senado. Ele só assumirá efetivamente o mandato de senador pelo Amazonas em agosto, depois do recesso parlamentar, que começará no dia 18.

 

O partido ainda vai lutar por uma "solução de meio-termo", em que a bancada possa sugerir nomes para a vaga de Nascimento e submetê-los à presidente. Uma das alternativas cogitadas é o deputado Jaime Martins (PR-MG). Além de ter presidido a Comissão de Transportes e ter bom conhecimento da área, Martins tem a vantagem de não ser do grupo do secretário-geral do partido e deputado Valdemar da Costa Neto (SP), que Dilma quer ver distante do ministério.

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