Blair diz que governo deve ter 'disciplina' em gastos para a Olimpíada

Em São Paulo, ex-primeiro-ministro britânico advertiu que orçamento do evento deve superar expectativas.

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Por João Fellet
Atualização:

Blair era premiê quando Londres foi escolhida sede dos Jogos de 2012 O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair disse nesta terça-feira em São Paulo que o governo deve ter "disciplina" no controle de despesas dos Jogos Olímpicos e se aliar a empresários para dividir a conta. Blair fez a declaração em um evento em São Paulo, no qual compartilhou com empresários e líderes políticos, envolvidos nos preparativos da Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro, sua experiência na organização da Olimpíada de Londres, em 2012. "É importante mostrar que eles (empresários) terão benefícios", disse Blair, que era premiê quando Londres venceu a disputa pela candidatura olímpica, em 2005. Segundo ele, a Copa do Mundo de 2016 e a Olimpíada de 2018 serão oportunidades para que o Brasil e o Rio de Janeiro se mostrem como "símbolos de um mundo em mudança", onde o país tem peso cada vez maior. Orçamento Blair disse que, ao lançar a candidatura de Londres, não quis projetar a cidade como um grande destino turístico, mas como um lugar moderno e multicultural, onde pessoas de diferentes nacionalidades vivem e trabalham juntas em harmonia. Para ele, o Rio e o Brasil fariam bem se, em vez de reiterar as imagens com as quais já são associados mundo afora, seguissem o exemplo londrino e se mostrassem como locais onde pessoas de diferentes raças e religiões se misturam, lugares que "representam os melhores valores do século 21". O ex-premiê também afirmou que "ficaria surpreso" se o dinheiro gasto na organização de uma edição dos Jogos Olímpicos em qualquer lugar do mundo não ultrapassasse as previsões orçamentárias. Presente no evento, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), afirmou que a Olimpíada de 2016 custará "mais de R$ 12, 15 bilhões", mas foi interrompido pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). Segundo o prefeito, a previsão de gastos só estará pronta em um ano. "Ainda estamos na fase de planejamento. O mais prudente é dizer que, ao fim de dois anos da escolha, o Rio de Janeiro terá condições de fazer um orçamento próximo, e que mesmo assim não será o final", disse Paes. Papel do esporte Em sua palestra, Tony Blair tratou ainda da importância de usar grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas para promover melhorias urbanas e nos sistemas de transporte. "Digo isso após passar dois dias no trânsito de São Paulo", afirmou o ex-premiê, provocando risos na plateia. Para ele, a qualidade dos aeroportos é fundamental para o sucesso dos eventos, já que são responsáveis pela primeira impressão dos visitantes. Outro legado que os Jogos podem deixar para os organizadores, na opinião de Blair, é a valorização do papel do esporte na sociedade. Ele crê que, além de reduzir a delinquência juvenil e contribuir com a melhora dos índices de saúde pública, a prática esportiva pode promover a integração social. O ex-premiê conta que, durante a organização das Olimpíadas em Londres, descobriu que muitos moradores tinham grande apetite em praticar modalidades esportivas pouco tradicionais. "Em Londres, os Jogos permitirão que os mais pobres tenham acesso a esportes que de outra maneira não poderiam praticar, como tênis, ciclismo e remo." Além de Cabral e Paes, estiveram presentes na palestra de Blair os tucanos Alberto Goldman e Geraldo Alckmin, respectivamente o governador de São Paulo e o seu sucessor, o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab (DEM), e o ministro dos Esportes, Orlando Silva (PC do B). BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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