Bispo que presidiu ato no Sindicato dos Metalúrgicos diz que aceitaria convite de novo

CNBB vai soltar nota sobre situação política do País, mas sem citar Lula

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Por José Maria Mayrink
Atualização:

APARECIDA - “Estamos vivendo um momento esquizofrênico”, disse nesta quarta-feira, 11, ao Estado o cardeal arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, depois de ter relutado a comentar a repercussão de comentários seus sobre o ato religioso celebrado no sábado em memória de Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato, quando afirmou que se estava misturando religião com política.

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D.Odilo resiste a falar à imprensa sobre o assunto em Aparecida, onde participa da 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacinal dos Bispos do Brasil (CNBB), inaugurada nesta quarta-feira, mas gravou uma entrevista para o serviço italiano da RádioVaticano, na qual falou sobre a condenação e prisão de Lula. O cardeal afirmou que, embora o presidente tenha realizado obras positivas no governo, ele se envolveu também em questões que precisam ser esclarecidas.

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O bispo d. Angélico Sândalo Bernardino, emérito de Blumenau e ex-auxiliar de São Paulo, que presidiu o ato religioso à porta do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, voltou a dizer que ele e outros participantes – padres católicos e pastores evangélicos – se retiraram antes do discurso de Lula no mesmo local. D. Angélico também evita tocar no assunto, mas a quem pergunta ele responde que celebrou o ato convite por ser amigo do ex-presidente. “Se voltasse a ser convidado, aceitaria o convite de novo”, garantiu.

Ao lado da presidente do PT, Gleisi Hoffman, Lula sobe em carro de som em frente à sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde discursou Foto: Sebastião Moreira/EFE

Os bispos estão analisando a situação política do País e vão publicar uma nota oficial da CNBB no contexto da crise, mas o texto não abordará explicitamente questões pontuais, como a prisão de Lula. “A Assembleia Geral não vive na lua e tem os olhos voltados para a realidade que vivemos”, disse em entrevista coletiva o arecebispo de Mariana, d. Geraldo Lyrio da Rocha. O presidente da Comissão da Pastoral de Comunicação Social, d. Darci Niciolli, arecebispo de Diamantina, acredita que a nota só será divulgada na próxima semana, após exaustiva discussão dos bispos. Em sua opinião, deveria ser publicada logo. O enfoque serão as eleições de outubro.

O tema central da Assembleia Geral é a formação do presbíteros. Segundo o arcebispo de Porto Alegre, d. Jaime Spengler, a discussão se restringirá a propostas de atualização das diretrizes para a formação dos seminaristas e padres. Os bispos não levantarão temas como a ordenação de padres casados e a admissão de mulheres como diaconisas, sacerdotisas e bispas – questões em ebulição na Igreja, em vários países. No Brasil, propõe-se ordenar homens casados para suprir a falta de padres em regiões como a Amazônia.

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