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Biscaia considera ´inviável´ prorrogar CPI dos Sanguessugas

O presidente da comissão defendeu a convocação de Abel Pereira, envolvido na máfia das ambulâncias, e de Hamilton Lacerda, ligado à campanha de Mercadante

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), afirmou nesta segunda-feira que é "inviável" a prorrogação dos trabalhos da comissão no mês de janeiro. Parlamentares do PSOL, do PV e do antigo PPS - agora Mobilização Democrática (MD) - são favoráveis à prorrogação da CPI, que tem prazo final previsto para 20 de dezembro. "Essa prorrogação não tem apoio nenhum e é inconstitucional", disse Biscaia. O relator da CPI, Amir Lando (PMDB-RO), anunciou que vai entregar o relatório final no dia 13 de dezembro. Nesta reta final, a CPI tenta aprovar nesta terça-feira requerimentos que estão à espera de votação há mais de um mês, antes do segundo turno das eleições de 29 de outubro. Biscaia, que ficou longe de Brasília cerca de 20 dias, defendeu que a CPI aprove a convocação do empresário Abel Pereira e de Hamilton Lacerda, ex-coordenador de comunicação da campanha senador Aloizio Mercadante (PT), candidato derrotado ao governo de São Paulo. "A idéia é que essas convocações sejam aprovadas logo para que eles possam vir à CPI na quinta-feira", explicou Biscaia. Pereira seria o suposto elo da máfia das ambulâncias com o PSDB. A Polícia Federal suspeita que Abel atuou como lobista da organização criminosa dentro do Ministério da Saúde na gestão Barjas Negri, em 2002, no governo de Fernando Henrique Cardoso. O tucano Barjas é prefeito de Piracicaba (SP), onde ficam as principais empresas de Abel. Os dois são amigos há pelo menos três décadas. Segundo a Polícia Federal, Hamilton Lacerda foi o homem que entregou o dinheiro, em uma mala, para Gedimar Passos comprar o dossiê da família Vedoin, dona da Planam, principal empresa da máfia das ambulâncias. A um mês do fim da CPI dos Sanguessugas, a comissão ouve nesta terça-feira os depoimentos de Valdebran Padilha e Gedimar Passos, que foram presos pela Polícia Federal, no dia 15 de setembro, com R$ 1,75 milhão. Esses recursos seriam usados para a compra de dossiê envolvendo políticos tucanos com a máfia das ambulâncias. Além dos dois, Jorge Lorenzetti, apontado pela PF como o responsável pela articulação para comprar o dossiê, também será ouvido pela CPI dos Sanguessugas. Lorenzetti é ex-analista de risco da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rastreamento telefônico autorizado pela Justiça revelou telefonemas do chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, para Lorenzetti e dele para o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. Nesta quarta-feira, a CPI vai ouvir os depoimentos de mais duas pessoas envolvidas no escândalo do dossiê: Oswaldo Bargas e Expedito Veloso. Bargas é ex-secretário do Ministério do Trabalho, trabalhou na campanha pela reeleição de Lula, e teria participado das negociações para a compra do dossiê. Veloso é ex-diretor de gestão de risco do Banco do Brasil e é acusado de ter ido a Cuiabá analisar a veracidade dos documentos junto com Gedimar Passos.

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