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Biana, obrigada a viver sem parte do crânio durante meses

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Por Agencia Estado
Atualização:

Biana Lane diz que está muito satisfeita de ter o crânio de volta. Uma manhã, em janeiro, a jovem de 22 anos acordou, num hospital, com o cabelo de um lado da cabeça preso em um longo rabo-de-cavalo. Do outro, não havia nada além de pele e suturas recobrindo uma área de onde metade de sua calota craniana havia sido removida. Ela permaneceu assim por quase quatro meses, uma depressão na cabeça assinalava o lugar onde o crânio fora retirado para salvar sua vida, depois de um acidente de carro. Depois que Biana foi liberada do hospital, em fevereiro, o crânio recortado permaneceu num freezer do hospital, enquanto que papéis trocavam de mãos, entre o hospital e o plano de saúde oficial Madicaid, para determinar quem deveria pagar pela cirurgia para recoloca-lo. ?Quando você pensa que coisas más acontecem às pessoas, não pensa nisso?, diz a ex-garçonete. ?É como tirar o coração de alguém ? você precisa dele!? Agora, o cabelo cortado rente de Biana quase não cobre a longa e curva cicatriz em seu couro cabeludo, depois que o crânio foi finalmente refeito, em 30 de abril, meses depois do acidente numa estrada coberta de gelo que a mandou para a UTI. Biana perdeu a audição do ouvido direito e fala com uma voz fraca e rascante, depois de danificar as cordas vocais pelo uso incessante de tubos de oxigênio. Ela se considera felizarda por haver sobrevivido ao acidente, mas achou os meses que passou sem uma parte do crânio terríveis. Ao acordar, pela manhã, ela percebia como seu cérebro havia se deslocado, durante a noite, de um lado para outro. Deram-lhe um capacete hóquei para usar durante o dia como proteção. ?A gente fica pensando se não poderiam ter-me dado algo mais protetor?, ela acrescenta. ?Um crânio, talvez.? Biana culpa a discussão burocrática entre o University of Utah Health Sciences Center e o Medicaid pela demora. Sem dinheiro para pagar ela mesma a operação, uma frustrada e desempregada Biana finalmente contatou um canal de TV local. Ela acredita que isso apressou a cirurgia. ?Não mais que de repente, tornei-me a primeira da lista?, diz. A disputa entre hospital e seguro ainda não acabou e Biana não sabe quem pagou, ou pagará, por sua cirurgia. Mas diz que recentemente inscreveu-se no plano de saúde de sua mãe e passou a contribuir há duas semanas. Mais de uma semana após a cirurgia, ela começa a viver uma vida normal. A freqüência das cegueiras e tonturas está diminuindo e tarefas simples como abaixar-se já não são dolorosamente penosas. A experiência fez Biana compreender o drama de pessoas com baixo poder aquisitivo, como ela, confrontadas com a dificuldade de pagar por assistência médica. ?Apenas por que elas não têm dinheiro, não significa que não devam ser tratadas como qualquer outra pessoa?, diz. ?Eu sou uma boa pessoa, apenas não sou tão rica como alguns deles.?

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