Berzoini nega crise e diz que oposição criou ''cilada''

PUBLICIDADE

Por Clarissa Oliveira
Atualização:

Em meio a críticas de que o PT teria sacrificado princípios em nome da aliança com o PMDB, o presidente nacional do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), não se constrange em dizer que a sigla optou por recomendar o arquivamento das representações contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Ele admite um esforço para assegurar a governabilidade e fortalecer a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que disputará a o Palácio do Planalto no ano que vem. Mas nega que o PT esteja vivendo uma crise de identidade ou sacrificando a bandeira da ética por 2010. "Em momento algum eu penso que o PT tem de sacrificar bandeiras. Ele não deve, simplesmente, cair em ciladas", diz ele, sob o argumento de que a oposição lidera uma operação para desestabilizar o governo. "O que está em jogo é a luta política, não é uma discussão de Conselho de Ética, da avaliação de qual é a mudança de que o Senado precisa. O que está em jogo no Conselho de Ética é a luta política de 2010." Confrontado com a avaliação de que o PT firmou como prioridade manter a governabilidade e o fortalecer Dilma, custe o que custar, ele rebateu: "Que a prioridade é esta não resta dúvida. Mas não é custe o que custar". Se houvesse uma crise no PT, diz ele, as instâncias partidárias já teriam iniciado um movimento para questionar a direção. Ele destacou que, antes de recomendar o arquivamento, consultou a Executiva petista e dirigentes regionais. E obteve respaldo de todos. "Todos me disseram: você tem todo o meu respaldo para tomar essa atitude. Até porque é uma grande responsabilidade. Fiz isso assinando como presidente nacional do PT." Berzoini reconheceu que o PT se tornou alvo de críticas de adversários e ex-petistas. Mas isso, afirma, reflete o fato de ser "o partido mais comentado do Brasil". "Quem foi do PT ou quem nunca foi do PT tem direito de comentar. O que acho é que nós, que estamos à frente do processo, numa conjuntura complexa, temos de tomar decisões. E elas nem sempre agradam a todos." SAÍDAS Ao analisar a saída da senadora Marina Silva (sem partido-AC) do PT, Berzoini destacou que a decisão resultou de uma ampla reflexão feita por ela, relacionada ao debate socioambiental. E a ameaça do senador senador Flávio Arns (PR) de ir pelo mesmo caminho, acredita, tem ainda menos relação com divergências ideológicas. "Vale lembrar que ele veio do PSDB para o PT em 2001. Naquele período em que todos esperavam uma grande vitória do Lula e do PT em 2002", disse Berzoini, acrescentando que Arns não tem o histórico para dizer que está "envergonhado" de ser do PT. "Reivindicar esse discurso é bem conveniente para alguém que talvez tenha dificuldade de se reeleger senador pelo Paraná." Berzoini não disfarçou as divergências entre o comando partidário e alguns senadores, entre eles o líder Aloizio Mercadante (SP). Disse considerar "muito importante" o papel da bancada, já que "90% das decisões são tomadas sem precisar que o partido participe delas como instância". "Mas é sempre bom lembrar que nossa concepção é a de que existe um partido." Segundo ele, as divergências são legítimas e têm espaço para serem debatidas no PT. "Agora, me reservo o direito de ter outra opinião também."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.