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Bernardo sai de cena e passa comando da crise para Saito

Ministro do Planejamento marcou reunião com comandante da Aeronáutica no começo da próxima semana; ele virou pivô da crise entre governo e Forças Armadas

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, vai se reunir com o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, no início da próxima semana, na tentativa de encontrar soluções definitivas para a crise do setor aéreo. A ordem do Planalto é deixar que o Comando da Aeronáutica assuma a negociação para investir mais na infra-estrutura aeroportuária e nos salários dos controladores militares de vôo. O Planejamento não negociará com controladores, fazendo apenas a ponte para que os militares achem as soluções. Na sexta-feira da semana passada, 30, Paulo Bernardo foi convocado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para administrar o motim dos controladores militares, que cruzaram os braços e provocaram o apagão aéreo. O ministro do Planejamento acabou se tornando, sem querer, pivô de uma crise militar. Inconformados com a indisciplina dos sargentos controladores, oficiais da Aeronáutica protestaram contra a quebra de hierarquia e o brigadeiro Saito retomou o comando da crise, reservando ao ministro do Planejamento papel coadjuvante na elaboração de um novo plano para o setor. "O presidente Lula entregou ao brigadeiro Saito o comando desta questão e nós vamos conversar para saber como ele quer conduzir o problema", explicou Paulo Bernardo ao confirmar a reunião. O próprio ministro comunicou aos controladores que estava saindo de cena, depois de ter negociado para evitar a prisão dos sargentos que pararam as decolagens no País por três horas. Também tratou de deixar claro ao brigadeiro que, se estivesse no comando da Aeronáutica, não teria dúvida em prender os amotinados. "Estou à disposição, e vou ajudar", disse Paulo Bernardo ao comandante Saito. Entenda o caos da última sexta Na última sexta-feira, os controladores de vôo entraram em greve e pararam os aeroportos do País por pelo menos cinco horas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava em viagem a Washington e nomeou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, para negociar com os grevistas. Além de nomear um civil para administrar o caos, Lula proibiu o Comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, de prender os controladores, o que desencadeou uma crise por quebra na hierarquia militar. Não demorou muito para o presidente recuar. Pressionado pelos militares, Lula desfez a promessa de abrir negociação salarial com os controladores e rever eventuais punições. O comando também voltou para a Aeronáutica. O presidente ainda endureceu o tom: se pararem novamente, os controladores receberão voz de prisão e os sargentos da Defesa Aérea assumirão seus postos no controle dos aviões. Acuados, os controladores já avisaram que não haverá paralisação na Semana Santa, mas ameaçam aumentar a temperatura do caos aéreo após a Páscoa. Sobre as punições, o motim da última sexta-feira resultou em pelo menos três Inquéritos Policiais Militares (IPMs), abertos pelo Comando da Aeronáutica em Brasília, Curitiba e Recife. Um quarto IPM poderá ser instaurado ainda no Recife.

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