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Berlusconi adia visita que faria semana que vem ao Brasil

Por Bruno Marfinati
Atualização:

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, adiou pela segunda vez neste ano uma visita oficial que faria ao Brasil na próxima semana, em meio ao impasse sobre o futuro do ex-ativista italiano Cesare Battisti, preso em Brasília à espera de uma decisão sobre sua extradição. O Itamaraty confirmou nesta sexta-feira que a visita foi adiada, provavelmente para abril, apesar de a data não ter sido ainda agendada. Os motivos do adiamento não foram informados, segundo o ministério. O presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura, senador italiano representante da América do Sul, Edoardo Pollastri, havia sinalizado na quarta-feira o cancelamento. Berlusconi deveria se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília em 9 de março para tratar de assuntos bilaterais, e a expectativa era de que os dois líderes discutissem o caso Battisti. Em fevereiro, outra visita foi cancelada. Condenado à revelia na Itália por quatro homicídios cometidos na década de 1970 quando integrava a organização Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), Battisti cumpre prisão preventiva em Brasília desde 2007. Em janeiro do ano passado, o ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu o status de refugiado político a Battisti. Sua decisão foi condenada veementemente por autoridades italianas, incluindo Berlusconi e o presidente da Itália, Giorgio Napolitano. Em novembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou, por cinco votos a quatro, a extradição de Battisti. Mas deixou a palavra final sobre o caso a Lula. HERANÇA HISTÓRICA Os laços históricos entre Itália e Brasil se intensificaram no fim do século 19, quando uma leva de imigrantes italianos desembarcaram no Porto de Santos para trabalhar no interior do Estado de São Paulo, ampliando o intercâmbio comercial, econômico e cultural. Segundo a embaixada da Itália, vivem no país 300 mil italianos, e os descendentes chegam a cerca de 25 milhões. Mas a popularidade de Berlusconi não é tão alta por aqui. Se dependesse da maioria dos italianos no Brasil, ele não teria sido eleito primeiro-ministro em 2008. Os dados do governo italiano mostram que nas eleições daquele ano, os italianos residentes no Brasil deixaram a coalizão Povo da Liberdade, de Berlusconi, em terceiro lugar na disputa pelas cadeiras no Senado e na Câmara dos Deputados. Em 2009, a corrente de comércio entre os dois países atingiu 6,7 bilhões de dólares, queda de 28,8 por cento em relação ao ano anterior, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. (Reportagem adicional de Hugo Bachega)

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