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Belo será indiciado por associação com tráfico

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Por Agencia Estado
Atualização:

O cantor de pagode Marcelo Pires Vieira, o Belo, será indiciado por associação com o tráfico de entorpecentes e pode ser condenado à pena de 3 a 10 anos de prisão. O anúncio foi feito pelo chefe de Polícia Civil, delegado Zaqueu Teixeira, depois que o perito Ricardo Molina, da Unicamp, confirmou ser de Belo a voz registrada em conversa telefônica com o traficante Valdir Ferreira, o Vado, do Complexo do Jacarezinho. Teixeira disse que pedirá a quebra dos sigilos bancário e fiscal do cantor. "Quem auxilia o tráfico é traficante. A investigação continua apurando a participação do Belo no tráfico", disse Teixeira. O titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Ricardo Hallack, afirmou que o Ministério Público pode pedir a prisão do cantor, o que aconteceria se houvesse indícios de que Belo pretende fugir ou após a conclusão do inquérito. O prazo para o fim da investigação é 6 de junho, mas pode ser estendido. Hoje, segundo seus advogados, o cantor estava "tranqüilo" em São Paulo. Hallack contou que, em depoimento prestado no dia 7, Belo não foi categórico ao negar que fosse dele a voz gravada pela polícia. O trecho analisado por Molina tem 11 minutos e faz parte de interceptações telefônicas feitas no dia 4 de abril a partir de grampo no celular de Vado, realizado com autorização judicial. A perícia foi solicitada pela juíza Rute Viana Lins, da 24ª Vara Criminal do Rio. "Nesse caso, estamos seguros de que a voz do telefonema é de Belo. Todas as comparações feitas levam à conclusão de que é dele a voz", disse o perito, que trabalha no caso desde o dia 13. Molina comparou a fita com diversas gravações da voz de Belo. "Fizemos a comparação com base em características acústicas, cacoetes e espectogramas, um conjunto de gráficos que são uma espécie de raio-x da voz." A dificuldade do cantor em pronunciar erres e eles, a voz aspirada e a fala típica da periferia de São Paulo, região de origem de Belo, foram alguns dos elementos para a conclusão. Molina garantiu que a fita é autêntica e não foi manipulada. "Não temos dúvidas de que ele (Belo) é o interlocutor que conversa com o traficante. Agora, temos elementos de indiciação", afirmou o chefe de polícia. Ele acrescentou que outras pessoas já estão sendo investigadas e que parentes de Belo também poderão ter seus sigilos quebrados. O telefone para o qual o traficante Vado ligou, instalado na mansão do cantor, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste, está em nome de Rodrigo Guedes dos Santos, irmão de Viviane Araújo, mulher do cantor. Nas ligações, Vado pede dinheiro para comprar "tecido fino" (cocaína) e recebe em troca o pedido de um "tênis AR" (fuzil AR 15), segundo a polícia. Os advogados de Belo, Alberto e Jociane Louvera, contratados depois que Sylvio Guerra deixou o caso, contestaram o laudo e a condução das investigações. "O laudo por si só não condena e pode ser rejeitado pelo Poder Judiciário", disse Alberto, que reclamou do vazamento do conteúdo das fitas para a imprensa. Ele questiona também o fato de a perícia não ter sido feita por peritos oficiais. Os advogados anunciaram que contratarão dois especialistas para analisar as gravações, um brasileiro e um americano. Alberto disse ter provas de que a fita usada por Molina foi editada.

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