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Belga critica posição "moderada" do PT sobre dívida externa

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Comitê pela Anulação da Dívida Externa dos Países de Terceiro Mundo, o economista belga Eric Toussaint, criticou neste domingo o que considera uma posição "extremamente moderada" do presidente de honra do PT, Luís Inácio Lula da Silva, e da direção nacional do partido que são contrários à suspensão do pagamento da dívida externa brasileira, embora já tenham sido favoráveis à decretação da moratória no passado. Segundo ele, o PT mudou de posição à medida que foi conquistando "poder", como, na última eleição municipal, quando ganhou seis capitais brasileiras. "É uma tentativa de neutralizar inimigos, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, para ganhar hegemonia num programa de consenso", analisou Toussaint. "Não acho que seja uma boa estratégia." O Comitê pela Anulação da Dívida Externa tem integrantes de 14 países, sendo quatro desenvolvidos (Bélgica, Suiça, Françca e Itália) e dez países em desenvolvimento. No ano passado, a organização recolheu 25 milhões de assinaturas, sendo 7 milhões no Brasil, em plebiscitos populares não-oficiais que consultaram a população sobre a suspensão ou anulação das dívidas externas. O comitê pretende fazer um plebiscito europeu na próxima eleição dos integrantes do Parlamento da União Européia, em 2004. "O PT poderia conseguir mais espaço, inclusive na eleição presidencial, se tivesse um programa que fosse às raízes do problema", afirmou Toussaint que participou, na manhâ deste domingo, de um seminário sobre o sistema financeiro internacional, durante o Fórum Social Mundial. Ao fazer as críticas, o economista, que trabalha para o Ministério da Cooperação Externa da Bélgica, disse que já falou pessoalmente com Lula, condenado a mudança. O desaquecimento da economia dos Estados Unidos, que ele entende como uma crise, seria um elemento facilitador para a decretação de uma moratória desde que não fosse um movimento isolado. Segundo ele, se o México e a Argentina se juntassem ao Brasil, a pressão sobre os organismos internacionais seria maior. O economista disse que o apoio da sociedade civil é fundamental, e o plebiscito do ano passado, que ele considerou extraordinário, indicaria que uma parcela da população está de acordo.

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