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Beira-Mar diz que não delata por medo de vingança

Por Agencia Estado
Atualização:

O traficante Luiz Fernando da Costa, o "Fernandinho Beira-Mar", disse nesta quarta-feira a seus advogados que não vai dar informações à polícia sobre o narcotráfico no País porque isto levaria seus filhos e outros parentes próximos à morte. O advogado Adalberto Lustosa de Matos afirmou que Beira-Mar não vai "bater boca" com "as duas cabeças mais malucas do Rio", em alusão ao governador Anthony Garotinho e ao secretário estadual de Segurança Pública, Josias Quintal. O traficante nega que tenha entregue a Quintal uma relação com os nomes de políticos e policiais ligados ao tráfico. Beira-Mar disse aos advogados que teme a morte dos filhos e das irmãs, que estão presas. O traficante teria 11 filhos registrados em seu nome, lista que incluiria os sobrinhos adotados. As duas irmãs de Beira-Mar estão presas por envolvimento com o tráfico. "Ele disse que não é alcagüete de traficantes", informou Matos. "Delatar significaria matar os filhos e as irmãs." Segundo o advogado, o traficante pediu aos filhos que não se exponham nem viajem a Brasília. Beira-Mar fez comentários nesta quarta-feira sobre a morte na prisão do assaltante Marcelo Melo Gonçalves dos Santos, acusado de matar a fonoaudióloga Márcia Maria Lopes Lira, no Rio. Gonçalves morreu enforcado. "Você está vendo?", disse o traficante. Beira-Mar acredita que o mesmo tipo de "suicídio" poderia acontecer com seus familiares, caso fizesse revelações sobre o narcotráfico. Segundo Matos, o traficante "tem consciência" de que vai ser "usado" como "troféu de guerra" por Anthony Garotinho e Josias Quintal nas próximas eleições e teme ser "forçado" a confirmar a existência da lista que o governo entregou ao Ministério Público. "Ele disse que se a gente brigar com o poder só leva ferro." Matos afirmou que Beira-Mar chegou ao Brasil querendo trocar informações pela redução do tempo da prisão. "Eu mesmo o convenci a não negociar redução de pena por troca de informações", disse Matos. Segundo o advogado, Beira-Mar já tem 33 anos de condenação e não há certeza de que esta negociação levaria à redução de pena. Além da revisão da pena, o traficante pretende derrubar o seqüestro de seus bens, decretado pela Justiça. Beira-Mar tem imóveis no Rio, em Minas Gerais e no Espírito Santo. O traficante, que ao ser preso na Colômbia afirmou ser um "criador de gado", agora sustenta que é um "comerciante" que "deu sorte" vendendo drogas. Matos afirmou que Beira-Mar "viu a morte de perto" na Colômbia e por isso quer mudar de vida, deixando o crime. Na próxima semana o traficante fará novos exames médicos. Beira-Mar ainda reclama de dores no braço operado na semana passada.

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