BC está preparado para intervir no câmbio se necessário, diz Tombini

Declaração se segue à retomada das operações de swap cambial, para conter a recente alta do dólar.

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Por Alessandra Corrêa
Atualização:

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse nesta sexta-feira que a instituição está atenta à evolução do mercado de câmbio e tem os instrumentos para garantir que ele funcione de forma adequada. "Toda a vez que nós sentirmos a necessidade de entrar no mercado, o BC estará lá para assegurar a tranquilidade no funcionamento do mercado de câmbio no Brasil", afirmou Tombini, que participou de um evento promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em Washington. As declarações foram feitas um dia após o BC ter anunciado a retomada das operações de swap cambial (que equivalem à venda de dólares no mercado futuro) pela primeira vez desde junho de 2009, para conter a alta da moeda americana, que ultrapassou a barreira de R$ 1,90, maior cotação em mais de um ano. A medida serviu para atenuar o ritmo da valorização da moeda americana, mas Tombini não indicou se essas ações serão intensificadas. O dólar vem apresentando uma trajetória de alta em relações a diversas moedas, em um momento em que a dívida e deficit na Europa se agravam e que o crescimento nos Estados Unidos continua fraco. "Nós estamos em um momento de incerteza da economia global. As moedas de vários países têm se enfraquecido em um período mais recente. O real tem acompanhado esse movimento, de aversão ao risco, de instabilidade dos mercados, de questões ainda para serem resolvidas na Europa", afirmou. Inflação Tombini disse que o BC está monitorando o impacto das variações cambiais sobre a inflação. "Temos de ver aonde esse novo padrão do câmbio internacional vai se estabilizar nos próximos dias, semanas", afirmou. "Em relação à inflação, o impacto das variações de câmbio sobre os preços internos tem diminuído ao longo do tempo no Brasil. E nós vamos avaliar sempre essas condições no nosso trabalho no BC", disse. As pressões inflacionárias são consideradas um dos principais problemas atuais da economia brasileira. O presidente do BC reiterou que o objetivo é trazer a taxa de inflação para o centro da meta, de 4,5%, no fim do ano que vem. Crise Tombini está na capital americana para participar do encontro de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 (grupo das maiores economias avançadas e emergentes, do qual o Brasil faz parte) e da reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial. Segundo o presidente do BC, atualmente há um risco maior de agravamento da crise global, mas o Brasil está bem preparado para enfrentar os problemas, com um sistema financeiro sólido e robusto. Tombini disse que a atual projeção de crescimento do BC para o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro neste ano, de 4%, deverá ser revisada para baixo na próxima reunião, no fim do mês, diante de um agravamento do cenário internacional. Nesta semana, o FMI já reduziu as projeções de crescimento para a economia brasileira de 4,1% para 3,8%. A nova previsão segue a tendência de redução nas projeções para a economia global, em um momento de maior incerteza sobre a recuperação, agravado principalmente pela crise nos países europeus. O mercado também vem reduzindo suas previsões para o PIB brasileiro. Segundo o último Boletim Focus (levantamento semanal do Banco Central com base em consultas ao mercado), a expectativa é de avanço de 3,52% neste ano. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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