BC começa a rastrear operações do Banpará

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Banco Central começa esta semana a rastrear as operações feitas pelo Banco do Estado do Pará (Banpará), que resultaram no desvio de R$ 10 milhões, em 1984. O dinheiro, segundo relatórios do inspetor do BC na época, Abrahão Patruni Júnior, teriam ido parar nas contas do presidente do Senado, Jader Barbalho - então governador do Estado - e de sua família. Apesar do recesso parlamentar, Jader não irá ficar livre de novas investigações envolvendo seu nome, já que a Polícia Federal também inicia, no Pará, uma série de tomada de depoimentos em relação à venda de Títulos da Dívida Agrária (TDAs), onde o empresário Vicente de Paula Pedrosa da Silva figura como intermediário do senador. A comissão de promotores que investigam os desvios no Banpará querem que os dois técnicos do BC façam um rastreamento das aplicações financeiras na época para poder chegar aos titulares de várias contas no banco Itaú. A partir daí, os integrantes do Ministério Público Estadual pretendem pedir a quebra de sigilo bancário dos correntistas. Com a chegada dos técnicos Nelson Rodrigues de Oliveira, que é inspetor do BC, e Antônio Benito de Souza, conselheiro do Departamento de Combate aos Ilícitos Financeiros do Banco Central, encerra praticamente a suspeita de que haveria interferência política na apuração dos desvios do Banpará. Na semana passada, integrantes do MPE reclamaram que as investigações estavam paradas por falta de técnicos especializados em contabilidade e que, dificilmente, a apuração teria resultado satisfatório. TDAs - Ao mesmo tempo em que o BC começa a atuar no caso Banpará, a Polícia Federal inicia outra parte das investigações relacionadas às denúncias do ex-banqueiro Serafim Rodrigues Morais e sua mulher Vera Arantes Campos, de que Vicente de Paula Pedrosa da Silva teria intermediado a venda de TDAs em nome de Jader. O delegado Luiz Fernando Ayres Machado vai ouvir, em Belém, diversas pessoas envolvidas diretamente com a desapropriação irregular da fazenda Paraíso, em Viseu, interior do Estado, de onde surgiram os títulos. A PF pretende centralizar as investigações em torno de assessores de Jader, como o ex-deputado Antônio Pinho. Ele foi condenado a cinco anos de prisão por causa das irregularidades na desapropriação, já que era secretário de assuntos fundiários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no período em que Jader era ministro da Reforma Agrária. Além dele, será ouvida Maria Eugênia Rios, assessora de Jader e sua ex-secretária de Planejamento quando ele foi governador, da década de 90. Coincidentemente à chegada dos técnicos do BC e do delegado da PF, o presidente do Senado vai se defender, a partir das 22 horas de amanhã, em um programa de televisão da RBA - emissora de sua propriedade - aberto às perguntas do público. Jader também publicou hoje, em seu jornal, o "Diário do Pará", um anúncio desafiando seus acusadores a provarem as denúncias sobre as fraudes na Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), o ranário de sua mulher Márcia Cristina Centeno, os desvios do Banpará e a venda das TDAs.

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