PUBLICIDADE

Bazar de traficante Abadía atrai multidão em São Paulo

Por STUART GRUDGINGS
Atualização:

Milhares de pessoas disputaram na terça-feira peças como TVs de tela plana ou cuecas de grife no bazar montado pela Justiça com os pertences do traficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía. Diante do tumulto nos portões do sofisticado Jockey Club, em São Paulo, a polícia usou gás pimenta e empurrou algumas pessoas no chão, enquanto os primeiros compradores levavam itens como uma coleção de brinquedos da personagem Hello Kity por apenas 1 real. "Estou interessada em ver vários itens e estou curiosa de ver como era a vida de um traficante, a ostentação que ele tinha", disse a designer de interiores Thiana Souza, sentada na fila entre cerca de 5.000 pessoas. Abadía, apontado pelos Estados Unidos como um dos maiores traficantes da Colômbia, foi preso em 2007 no Brasil, e na semana passada foi condenado a 30 anos de prisão. Sua esposa, fã da personagem japonesa Hello Kity, também foi presa. Washington quer a extradição de Abadía. Três mansões dele já foram arrematadas, graças a uma nova iniciativa para colocar bens de criminosos à venda e destinar os rendimentos à caridade. Na terça-feira, foi a vez dos pertences da casa, o que inclui uma enorme coleção de sapatos e vinhos do Porto, sofás confortáveis, tralhas de pesca e roupas de grife. Uma sala cheia de itens cor-de-rosa da Hello Kity mostra os métodos de Abadia. Segundo a imprensa, ela escondia mensagens sobre as operações do narcotráfico em singelas imagens da gatinha transmitidas por email. "Todo mundo quer saber por que estamos recebendo [doações] de traficantes", disse Lucien Belmonte, presidente de uma ONG de apoio a crianças carentes, beneficiada pelo bazar. "Não é dos traficantes, é da Justiça". Num momento em que o consumo já está aquecido, o bazar foi uma chance imperdível para muitos paulistanos. A vendedora Karina Ferreira, 21 anos, diz não se sentir mal em pegar os pertences de um traficante -- no caso dela, cerca de 140 reais em roupas. "Pensando bem, está indo para uma boa causa, então não me importo."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.