PUBLICIDADE

Batalhão de professores já corrigiu 900 mil redações do Enem

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Mais de 900 mil provas de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foram lidas pelo batalhão de 700 corretores, abrigados em um prédio na zona sul de São Paulo. Para corrigir as provas de 1,3 milhão de alunos de todo País, o Ministério da Educação montou uma megaoperação na cidade, que só deve terminar no início de outubro. São Paulo foi escolhida por ser o local com o maior número de professores aptos para esse trabalho. Cada corretor precisa avaliar cem redações por turno de quatro horas. Depois de receber a nota, a prova passa por uma segunda correção, feita por outro professor, que não tem acesso à primeira avaliação. Uma média final sai dessas duas notas. Este ano, o Enem, feito em 25 de agosto, pediu ao formando do ensino médio que dissertasse sobre o voto e sua importância para o País. Só 4% deles entregaram a redação em branco. Senso comum "A palavra-chave é consciência. Alguns sabem expressar como tê-la, outros não, mas a palavra está sempre lá", conta Jane de Freitas, de 30 anos, que faz mestrado em literatura na Universidade de São Paulo (USP) e pela primeira vez participa da correção do Enem. "Há muitas idéias do senso comum. Os alunos dizem que os políticos são corruptos, que o voto é comprado, por exemplo", completa outra corretora, Camila Donzeli. "Muitos acham que a solução para votar certo é assistir ao horário político", afirma a professora da rede estadual Bruna Dzedzej Leal, de 50 anos. O trabalho exaustivo de ler até 4.800 redações em um mês só recebe elogios dos professores. "A gente acaba conhecendo a realidade educacional e social do País", diz Jane, que já encontrou redações com desabafos de um aluno que vivia com R$ 6 por dia. Recados para que o examinador seja bondoso e cuidadoso também não são raros. Fora a experiência diferente da sala de aula, o pagamento do professor também fica distante do salário médio da rede pública de R$ 1 mil. Segundo o MEC, um corretor que trabalhar em dois turnos, de segunda a sábado, recebe cerca de R$ 6.500, sem os descontos. "Até na véspera do Enem recebemos currículos de professores interessados", diz a coordenadora da prova no MEC, Maria Inês Fini, que esteve em São Paulo hoje. A seleção é feita pela experiência do profissional - que deve ser formado em Letras - em correção de redações. Muitos deles já contribuem para Fuvest, Vunesp e Unicamp. O MEC só divulgará em novembro os resultados do Enem, quando o aluno receberá em casa a sua nota da prova de múltipla escolha e da redação.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.