Bastos depõe por mais de sete horas e nega ajuda a Palocci

O ministro da Justiça disse que tinha "o dever" de indicar um advogado ao ex-ministro da Fazenda para defendê-lo das acusações de participação na violação do sigilo de Nildo

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Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, concluiu seu depoimento de mais de sete horas à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O ministro reiterou que não participou da estratégia de defesa do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, com o qual se encontrou quando começaram a surgir as suspeitas de que Palocci teria sido o autor da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo. Thomaz Bastos defendeu a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao episódio da violação do sigilo. Disse que o presidente, ao ser informado do assunto, pediu a apuração imediata do caso. Segundo o ministro da Justiça, Lula declarou, na ocasião, que os fatos eram graves, porque "o Estado violou o sigilo de um pobre caseiro desvalido". Nildo havia contrariado a afirmação de Palocci de que nunca estivera na mansão de Brasília em que se reuniam ex-assessores dele na Prefeitura de Ribeirão Preto, grupo conhecido como República de Ribeirão, para festas e repartição de dinheiro suspeito. Na CCJ, os deputados da oposição insistem na afirmação de que Thomaz Bastos ultrapassou os limites e as atribuições do cargo de ministro da Justiça ao apresentar um advogado, Arnaldo Malheiros, a Palocci para organizar sua defesa contra as acusações de participação no episódio da violação do sigilo. Bastos argumenta que tinha "o dever" de indicar um advogado, já que Palocci, então "um colega do governo", pedira uma indicação, num momento em que não estava confirmada a participação do ministro da Fazenda na ilegalidade. Os oposicionistas insistem na tese de que Bastos deve prestar depoimento também na CPI dos Bingos, no Senado. O PFL informou que protocolou na Comissão de Ética Pública - instituição da Presidência da República - uma representação contra Thomaz Bastos pedindo que seja apurado se ele violou o código de conduta da alta administração federal. Na representação, o PFL diz também que faz, "se for o caso, a sugestão de demissão" do ministro da Justiça.

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