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Bastidores: Uma saída anunciada e a precipitação da reforma na Esplanada

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Por Vera Rosa e Tania Monteiro
Atualização:

A demissão de Cid Gomes abriu outra crise no governo Dilma Rousseff e precipitou a reforma ministerial. Depois da conturbada sessão na Câmara, Cid foi direto conversar com a presidente, no Palácio do Planalto. A mudança no primeiro escalão ocorreu justamente na pasta que empresta ao governo o slogan "Pátria Educadora", mote do segundo mandato. Cid saiu da Câmara dirigindo o próprio carro e anunciando que entregaria o cargo. No Palácio, a presidente mal conversou com ele. "Infelizmente, não dá mais, não é Cid?", disse ela ao demissionário. Dilma soube da confusão quando Cid estava no plenário da Câmara. Chegou a assistir pela TV a alguns trechos do bate-boca e ficou "horrorizada" com as cenas. A presidente já havia sido alertada por Cid, em e-mail enviado na segunda-feira, que ele iria reafirmar o que dissera sobre os "achacadores". Ontem, o ministro desligou o celular e não quis antecipar o que diria no plenário a nenhum ministro ou líder do governo. Após o rápido diálogo com Cid, Dilma pediu ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que avisasse imediatamente o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, sobre a demissão do titular da Educação, a fim de acalmar o PMDB no momento mais crítico do "caos político" vivido pelo Planalto. A saída de Cid acabou por antecipar a mexida na equipe e aumentar a pressão do PT para retomar o Ministério da Educação. Setores do PT e do PMDB que querem afastar Mercadante da Casa Civil dizem que ele poderia retornar à pasta. Nesse desenho, o baiano Jaques Wagner, que hoje comanda a Defesa, iria para a Casa Civil e assumiria a articulação política. Dilma, porém, ainda não decidiu como ficará a equipe. Por enquanto, a Educação será comandada interinamente pelo secretário executivo, Luiz Cláudio Costa. O PMDB, por sua vez, quer emplacar na pasta o ex-titular do Turismo, Gastão Vieira. A crise que culminou com a demissão de Cid vem no momento em que um documento interno da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), obtido pelo Estado, expôs com todas as letras os problemas da gestão Dilma e pode resultar na demissão do ministro Thomas Traumann. O PT também está de olho nessa cadeira e na verba de publicidade da Secom. Os alertas contidos no documento reservado vêm na esteira de declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem Dilma precisa mudar a comunicação do governo porque "quem não se comunica se trumbica". Depois que Lula apontou essas falhas e "liberou" os petistas, as críticas se tornaram públicas.

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