BASTIDORES: Governistas dão 2ª denúncia como certa e trabalham para ter aliado como relator

Governo quer o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) como relator da segunda acusação; ela foi autor da primeira denúncia, com parecer vitorioso contrário à aceitação

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Por Igor Gadelha
Atualização:

BRASÍLIA - Dando como certa a apresentação de uma segunda denúncia contra o presidente Michel Temer pelo procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, lideranças governistas já trabalham para emplacar um aliado na relatoria da proposta na Câmara dos Deputados, a quem caberá decidir pelo prosseguimento ou não da investigação. Vice-líder do governo na Casa, o deputado Beto Mansur (PRB-SP) afirmou ao Estadão/Broadcast que o governo quer o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) como relator da segunda acusação. O tucano foi autor do parecer aprovado pela maioria da Câmara recomendando a rejeição da primeira denúncia contra Temer. Segundo Mansur, governistas têm conversado com presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), para que ele mesmo escolha Abi-Ackel como relator. O colegiado é o primeiro local da Câmara em que a denúncia precisa ser votada, antes de seguir para o plenário.  Na primeira denúncia, Pacheco escolheu o deputado Sérgio Zveiter (Podemos-RJ) como relator na CCJ. O parlamentar fluminense deu parecer pela aceitação da primeira acusação. O relatório, porém, foi rejeitado pela comissão, o que fez com que o presidente do colegiado tivesse de escolher um novo relator, no caso Abi-Ackel. Procurado, o presidente da CCJ negou ter sido procurado por interlocutores do governo para discutir nomes na CCJ. Ele disse ainda não ter decidido quem será o relator de eventual segunda denúncia, mas afirmou ao Broadcast Político que a tendência é que escolha um nome "mais neutro" e "imparcial" possível.

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O deputado Paulo Abi-Ackel, por sua vez, disse que precisa conhecer o teor da possível nova denúncia antes de decidir se aceita ou não ser relator novamente. Governista Como mostrou o Broadcast Político na sexta-feira, 8, Pacheco dá sinais de que deve escolher um nome mais governista para relatar uma eventual segunda denúncia. Pessoas próximas ao deputado afirmam que ele deve escolher um relator com um perfil mais moderado, mas não necessariamente que tenha votado contra o presidente na primeira denúncia.

A decisão de Pacheco deve passar por questões regionais. De olho em uma eventual candidatura ao governo de Minas Gerais em 2018, o deputado não deve indicar um parlamentar que faça franca oposição ao Palácio do Planalto e se indispor com o seu partido, o PMDB.

Além disso, contribuiu para essa percepção a investigação aberta pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e que levou à suspensão do acordo de delação premiada do grupo J&F, que controla o frigorífico JBS, e à prisão de Joesley Batista, um dos donos do grupo, e do ex-executivo Ricardo Saud.

Nesse cenário, perdem espaço para relatoria de eventual nova denúncia nomes como o deputado Marco Rogério (DEM-RO), que, apesar de ser de um partido da base aliada, tem mantido uma postura mais independente e crítica em relação a Temer. Antes da reviravolta no caso JBS, ele era um dos favoritos para o posto.