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Bastidores: Dilma dirá a Temer que está disposta a corrigir falhas

Em jantar com o vice nesta noite, presidente pretende mostrar que não deseja romper com o PMDB; interlocutores, no entanto, acreditam que 'divórcio' é questão de tempo

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Por Vera Rosa
Atualização:

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff pretende dizer nesta quarta-feira, 9, à noite, em jantar com o vice Michel Temer, que está disposta a corrigir falhas do governo, evitar ruídos de comunicação e melhorar o relacionamento com o PMDB. Ameaçada pelo impeachment, Dilma fará um gesto pela reaproximação depois da carta em que Temer escancarou os problemas na convivência entre os dois e disse que ela não confiava nele nem no PMDB.

Dilma Rousseff e Michel Temer Foto: Dida Sampaio|Estadão

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A intenção da presidente é mostrar que seu governo não deseja o rompimento com o PMDB, apesar da rede de intrigas que tomou conta do Palácio do Planalto. Na prática, Dilma precisa da aliança com o dividido PMDB comandado por Temer para se livrar do impeachment.

Mesmo com o gesto que será feito pela presidente, porém, tanto os auxiliares dela como os de Temer acreditam que o “divórcio” é uma questão de tempo. Um assessor de Dilma chegou a comparar a situação a um “cristal quebrado”, que nunca mais tem conserto.

Em conversas reservadas, a avaliação do governo é que Temer se juntou ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje algoz de Dilma, e está conspirando para tirá-la do Planalto. De qualquer forma, não interessa à presidente, agora, entrar em guerra com o vice, embora as divergências sejam reais. A estratégia de Dilma é fazer um contraponto forte com Cunha, e não com Temer.

Para auxiliares da presidente, no entanto, a carta de Temer só serviu para agravar a crise política e aumentar a rebelião na base aliada do governo. Na terça-feira à noite, por exemplo, o Planalto foi derrotado na Comissão Especial do impeachment – decisão depois suspensa pelo Supremo Tribunal Federal – e nesta quarta o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), foi destituído pela ala dissidente do partido, que o substituiu pelo deputado Leonardo Quintão (MG). Picciani é aliado de Dilma e indicou dois dos sete nomes do PMDB para compor o Ministério. A aproximação da presidente com ele, sem consulta prévia a Temer, foi criticada pelo vice na carta. À época, Temer interpretou a atitude de Dilma como mais um gesto para dividir o PMDB.

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