BRASÍLIA - O presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), terá uma conversa com o apresentador de TV José Luiz Datena neste fim de semana. Apesar das idas e vindas em atos e declarações, Datena quer mesmo ser candidato a prefeito de São Paulo nas eleições de outubro. Até agora, o caminho considerado mais seguro por ele é o MDB.
Mesmo assim, há muita negociação pela frente antes da possível filiação do âncora do programa Brasil Urgente, da Band, ao MDB. Datena e Baleia tiveram um rápido diálogo por telefone nesta quinta-feira, 6, e os dois combinaram um encontro em São Paulo.
Bastante popular, o apresentador tem a simpatia do presidente Jair Bolsonaro, que precisa de um palanque forte em São Paulo e de um candidato para chamar de seu na disputa de outubro. Ao que tudo indica, o Aliança pelo Brasil – novo partido de Bolsonaro – não conseguirá obter as 491,9 mil assinaturas necessárias para sair do papel até o fim de março, prazo exigido pela Justiça Eleitoral para a participação na corrida.
O MDB, porém, é aliado do governador de São Paulo, João Doria, rival de Bolsonaro. Além disso, o presidente municipal do MDB, Ricardo Nunes, está negociando o apoio do partido à reeleição do prefeito Bruno Covas (PSDB).
Baleia Rossi, por sua vez, também é próximo de Doria, que apoia a proposta de reforma tributária apresentada por ele. Diante desse quadro, todas as tratativas com Datena vêm sendo conduzidas pelo presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. O empresário continua filiado ao MDB, mas é um dos organizadores do Aliança em São Paulo e deve migrar para a nova sigla assim que ela estiver de pé.
A operação para filiar Datena ao MDB, no entanto, será agora assumida por Rossi, conhecido como hábil articulador político. A intenção do deputado depende de um entendimento com Doria. O presidente do MDB não quer que o apresentador apareça com o rótulo de “candidato de Bolsonaro”. Além disso, o acordo precisa envolver algo muito difícil na política: um pacto de não agressão com Doria e com Bruno Covas.
Em 2016, Datena chegou a ser pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PP, mas desistiu de entrar no páreo por causa das denúncias de corrupção contra o partido na Lava Jato. Dois anos depois, em 2018, o apresentador estava filiado ao DEM e na última hora abriu mão de disputar uma vaga ao Senado. Antes, ele havia cogitado apossibilidade de concorrer ao Palácio do Planalto.
Datena saiu do DEM no ano passado. A volta à legenda do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), não é um caminho viável porque a legenda tem o vice-governador, Rodrigo Garcia, e está umbilicalmente ligada a Doria. Outros partidos de médio porte, como o PSD de Gilberto Kassab, estão "congestionados", com compromissos já assumidos.