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Bastidores: Com exonerações e entrega de cargos, Witzel vive crise política

Governador do Rio desagrada a Assembleia Legislativa com troca de secretários

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Por Caio Sartori
Atualização:

RIO - Investigado por suspeitas de corrupção na Saúde e alvo de pedidos de impeachment na Assembleia Legislativa, o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), dobrou a aposta nas escolhas internas que tem feito no governo - e, com isso, irritou ainda mais os deputados estaduais. Ao exonerar os secretários de Casa Civil, André Moura, e de Fazenda, Luiz Cláudio Rodrigues de Carvalho, Witzel optou por ficar ao lado de Lucas Tristão, o poderoso secretário de Desenvolvimento Econômico, também ele envolvido no suposto esquema de irregularidades em contratos.

Governador do Rio tevecelulares e computadores apreendidos por autorização do STJ Foto: Wilton Junior / Estadão

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A exoneração de Moura, experiente político do PSC que já foi líder do governo Michel Temer na Câmara dos Deputados, foi a que mais desagradou a Alerj. Era ele o responsável pela articulação política de Witzel. Com a saída, o líder do governo na Casa, Márcio Pacheco (PSC), entregou a função na manhã desta sexta-feira, 29. O vice-líder, Léo Vieira (PSC), idem. 

A Alerj já dava sinais, nos bastidores, de que aceitaria a abertura de processo de impeachment contra o governador. Dois pedidos foram apresentados na quarta-feira, um dia após a operação da Polícia Federal que cumpriu mandados de busca e apreensão contra Witzel e sua mulher, Helena. Ao Estadão, o presidente da Assembleia, André Ceciliano (PT), disse naquele dia que o Legislativo “cumpriria seu papel”

Quantos às exonerações, a avaliação de interlocutores é que o governador optou claramente por um dos lados na “guerra” em curso no Palácio Guanabara. Moura e Luiz Cláudio - que tinham em mãos, respectivamente, o controle do orçamento e dos cofres do Estado - foram preteridos. O outro lado da disputa, representado por Lucas Tristão, saiu vencedor e deve acumular ainda mais poder. 

A lealdade de Witzel a Tristão, mesmo com o Ministério Público mostrando que o secretário tem papel central nas investigações sobre a corrupção na Saúde, causa estranheza em integrantes do outro grupo do governo. “Não sei quem é refém de quem”, disse um deles ao Estadão. O poder atribuído a Tristão faz com que, segundo esse interlocutor, ele se sinta à vontade para dar bronca em colegas, mandar nos outros secretários e impor “loucuras”. 

Tristão ajudou na coordenação da campanha de Witzel em 2018. Advogado, ele é próximo a Mário Peixoto, empresário preso neste mês no âmbito da operação Favorito, cujos desdobramentos ajudaram a deflagrar a operação Placebo, que atingiu o governador. Segundo o Ministério Público Federal, o escritório de advocacia de Tristão recebeu R$ 225 mil das empresas de Peixoto, o que seria um elo entre a suposta organização criminosa e o governo. 

O governador ainda não se manifestou sobre as exonerações. Quanto às investigações, Witzel nega envolvimento e acusa o presidente Jair Bolsonaro de perseguição política por meio da Polícia Federal. Ele afirma que provará sua inocência no processo.

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