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Base petista segue discurso de Lula pela manutenção de Sarney

Importância de aliança com PMDB é destacada em reunião de corrente de Tarso Genro

Por Silvia Amorim
Atualização:

O recado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos senadores petistas para que apoiem a permanência de José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado, em defesa de um projeto vitorioso do PT em 2010, já surtiu efeitos na base do partido. Ontem, em encontro de uma das correntes do PT - a Mensagem ao Partido - , em São Paulo, o discurso dominante foi a favor da manutenção de Sarney no cargo. Lançado oficialmente no fim da manhã como candidato da Mensagem ao Partido à presidência do PT, o deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP) pediu uma apuração rigorosa das denúncias envolvendo Sarney e o Senado, mas defendeu a tese de que a crise - iniciada com o caso dos atos secretos - não é de uma pessoa, mas da instituição. "O PT deve ter posição firme para que se apure e puna quem quer que seja. Isso não se discute", disse, em entrevista antes da abertura da reunião. "O que também não se pode imaginar é que a saída pura e simples de quem preside o Senado resolva todo o problema ético. Não acho que a saída dele neste momento possa resolver o problema." O ex-prefeito do Recife João Paulo, uma das lideranças da Mensagem ao Partido, corrente que tem entre seus líderes o ministro da Justiça, Tarso Genro - que não participou da reunião - , foi ainda mais enfático. Em discurso, ele disse que o PT não pode trocar "o acessório pelo essencial". "A manutenção de Sarney (na presidência), pela importância que tem para uma candidatura da ministra Dilma (Rousseff, da Casa Civil), é o essencial. Estamos pagando um preço altíssimo e caríssimo, mas é em função do estratégico", afirmou. Os discursos indicam que o pedido de Lula deverá ser atendido no Senado e, mais importante, que já encontra apoio na militância. A Mensagem ao Partido nem é a ala petista mais ligada a Lula. Na quinta-feira à noite, o presidente fez em um jantar com os senadores petistas e pediu apoio a Sarney, alegando que a aliança entre PT e PMDB não poderia se romper, sob a ameaça de desestabilizar a candidatura de Dilma ao Planalto em 2010. No dia anterior, parte dos senadores do PT havia se colocado publicamente favorável à saída do peemedebista da presidência. Na próxima terça-feira, a bancada do PT no Senado fará uma reunião para fechar uma posição em relação a Sarney. ELEIÇÕES INTERNAS Se não houver surpresas até o dia 25 de julho, data final para o registro das chapas, cinco candidatos disputarão a presidência do PT. As eleição estão marcadas para novembro. O favorito é o ex-senador e atual presidente da BR Distribuidora José Eduardo Dutra, nome da corrente Construindo um Novo Brasil, grupo de Lula e do atual presidente Ricardo Berzoini. Com a bandeira da renovação do partido, Cardozo, hoje secretário-geral do PT, disse que o objetivo da disputa interna não é aprofundar as diferenças. "A ideia não é fazer uma disputa que desagregue o partido É fazer uma disputa que agregue. Precisamos estar muito coesos para eleger Dilma em 2010." É a segunda vez que o deputado lança uma candidatura à presidência do PT. Na anterior foi derrotado pelo atual presidente, Berzoini.

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