Base aliada entra em crise com governo por causa de cortes

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Por Agencia Estado
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O corte de R$ 5,3 bilhões nas despesas orçamentárias deste ano ameaça pôr abaixo as promessas dos políticos para atender as bases eleitorais, mas não é isto o que mais preocupa os parlamentares em véspera de eleição. A base aliada está em crise com o governo e em clima de má vontade com o pré-candidato a presidente José Serra (PSDB) por conta dos acertos feitos com a equipe econômica na negociação do Orçamento de 2001. "Trouxemos os prefeitos a Brasília para assinar os convênios, o governo assumiu compromissos públicos de liberar os recursos, fez o empenho e até agora nada", conta um influente líder aliado. "A pressão é enorme porque o governo jogou tudo nos restos a pagar, e não temos como cumprir a palavra com os prefeitos que já anunciaram as obras em suas cidades", completa o parlamentar. "É por isto que eu digo que estão cortando vento", repete o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA). O líder do PSDB no Senado, Geraldo Melo (RN), é um dos que admite sem rodeios que toda a base aliada paga a conta. Pudera. Em seu caso pessoal, a pressão pelas liberações dos recursos empenhados para atender aos convênios com prefeituras começa dentro de casa. O líder é casado com Edinólia Melo, a prefeita de Ceará Mirim (RN). "Mas eu espero que isto seja cobrado em primeiro lugar dos responsáveis pelo atraso na votação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira)", diz o senador, numa referência velada ao PFL. Engrossa, assim, o coro de tucanos e peemedebistas em defesa do "contingenciamento seletivo dos recursos", atingindo, prioritariamente, os adversários do governo. "Eu gostaria muito de ajudar o governo a selecionar os cortes, mas acho que ninguém escapa", emenda, cético, o vice-líder tucano no Senado, Romero Jucá (RR). De fato, os cortes em si mereceram até elogios da oposição. "Eu critico o governo por muita coisa, mas nisto ele está certo", diz o senador Paulo Hartung (PSB-ES), para quem o governo demonstra responsabilidade rara de acontecer em véspera de eleição. "Quando um partido optou por retaliar o governo, obstruindo a votação da CPMF, fez um movimento profundamente equivocado, pois há maneiras bem mais eficientes de fazer oposição", completa, ao lembrar que o corte repercutiu positivamente nos mercados.

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