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Barroso diz que instituições de Estado foram 'aparelhadas como sendo de governo'

Ministro do Supremo disse que o Brasil, assim como outros países, passou por uma onda populista, com 'sustos' à democracia

Por Guilherme Pimenta
Atualização:

BRASÍLIA — O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira, 10, que instituições brasileiras de Estado "foram aparelhadas como de governo". Barroso, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse que o Brasil, assim como outros países, passou por uma onda populista, com "sustos" à democracia.

"Vivemos alguns momentos de preocupação ao longo dos dois anos, com ataque às instituições, que reagiram, mas não acho que tenham escapado sem escoriações”, afirmou Barroso em evento promovido pela Febraban e CNI. “Há instituições de Estado que foram aparelhadas como de governo, que é errado e ruim para a democracia", completou o ministro, sem citar o presidente Jair Bolsonaro (PL).

O ministro do STF Luís Roberto Barroso foi alvo do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o ano e chegou a ser chamado de 'filho da puta' por ele. Foto: Abdias Pinheiro/TSE

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Na noite de quinta-feira, 9, Bolsonaro disse, em entrevista, que o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, pré-candidato à Presidência, "não fez absolutamente nada para que o Coaf e a Receita não bisbilhotassem” a vida dele e a dos demais brasileiros. 

Após as declarações, Moro acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a análise da manifestação do presidente.

Barroso foi alvo de Bolsonaro durante o ano e chegou a ser chamado de “filho da puta” por ele. Nesta quinta-feira, Bolsonaro voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que recentemente abriu mais um inquérito para investigá-lo. Moraes presidirá o TSE durante as eleições de 2022.

Durante o evento, Barroso criticou o debate do voto impresso. Na sua avaliação, o Brasil passou o ano inteiro discutindo a "bobagem do voto impresso, que foi sepultado".

"Voto no papel sempre propiciou ambiente de fraude e usurpação. Passamos o ano de 2021 inteiro defendendo o sistema que funciona, para impedir que fosse alterado para o sistema da fraude", disse o ministro.

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O presidente do TSE defendeu, mais uma vez, aintegridade das urnas eletrônicas e disse apostar que as eleições do próximo ano serão "lisas, limpas e seguras".

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