15 de julho de 2008 | 15h03
Os bancos suíços são cúmplices de esquemas de evasão de divisas no Brasil e lavagem de dinheiro, e estão conduzindo atividades ilegais no País. A acusação é de Karen Kahn, procuradora federal do Ministério Público de São Paulo e que ataca o sistema bancário suíço em declarações publicadas nesta terça-feira no jornal suíço Le Temps. Segundo a matéria de capa do diário, a Justiça brasileira indiciou quatro gerentes de fortunas suíços. Os crimes incluiriam a busca por clientes sem autorização, negligenciar dados da origem do dinheiro e de ter colaborado para evasão fiscal. Tudo isso com o conhecimento da administração central dos bancos. "Há uma tentativa de obter novos clientes de forma ilegal", afirmou a procuradora. Segundo ela, o Credit Suisse estaria entre os mais ativos nesse processo, mas o UBS, Clariden e AIG também estariam envolvidos. Para a procuradora, alguns bancos passaram a ter o hábito de contornar a lei brasileira. Um dos problemas é o envio de gerentes para diversos países em busca de clientes. Quatro deles estão presos. "Os gerentes que prendemos foram enviados da Suíça e operam sem a autorização do Banco Central", afirmou. O procedimento é simples. Os gerentes chegam ao País com o objetivo de convencer clientes a abrirem contas no exterior. "Esses funcionários encorajam seus clientes a tirar o dinheiro por um sistema ilegal de compensação", explicou Kahn. "Esses gerentes contam com toda a documentação necessária para ajudar a seus clientes a criarem estruturas jurídicas offshore destinadas a mascarar seus recursos das autoridades fiscais. O pior é que não verificam a origem dos fundos, mesmo que digam o contrário", acusou. Kahn ainda afirma que está convencida de que as gerências dos bancos em suas sedes na Suíça estavam cientes dos fatos e que não foram atitudes individuais que promoveram a lavagem de dinheiro. "Os gerentes não entraram no Brasil sem a cumplicidade ativa dos bancos para os quais trabalham", afirmou. Dois dos gerentes presos tinham documentos sobre como conquistar novos clientes sem se fazerem notar pela polícia. As orientações eram dadas pelos próprios bancos. "Essas pessoas eram verdadeiros bancos ambulantes, operando na ilegalidade", disse, apontando para a existência de novas investigações. Kahn estima que os primeiros processos possam ocorrer ainda neste ano.
Encontrou algum erro? Entre em contato