GENEBRA - Os bancos suíços cooperaram nas investigações relacionadas ao pagamento de propinas pela Alstom a funcionários públicos estrangeiros, inclusive no Brasil. A multinacional francesa é investigada por supostos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção ativa. Segundo Claude Alain Margelisch, representante da poderosa Associação de Banqueiros Suíços, bancos foram "obrigados" a cooperar.
"Não há proteção ou confidencialidade em caso de pagamentos de propinas", declarou. "Nesse caso [Alstom] e em qualquer outro, a instrução foi a de cooperar, o que é uma obrigação", indicou.
No caso do Brasil, documentos obtidos pelo Estado revelam que os procuradores suíços já em 2011 suspeitavam de depósitos em nome dos brasileiros em bancos suíços. O Ministério Público exigiu e os bancos tiveram de repassar dados dos clientes à Justiça local.
O caso Alstom, além de ser alvo dos suíços, também é investigado no Brasil desde 2008. A empresa é suspeita de integrar um esquema de cartel e pagamento de propinas para a obtenção de contratos metroferroviários no governo paulista.
Os investigadores suíços obtiveram dados que apontam que, em 21 de março de 2001, uma transferência de US$ 255,8 mil foi identificada em nome de Arthur Teixeira em sua conta Rockhouse 524373, no Credit Suisse de Zurique, envolvendo o amplo esquema de pagamentos de propinas da Alstom. Teixeira é apontado pelo Ministério Público como lobista e pagador de propinas a servidores de estatais do setor metroferroviário.
Outras transferências com volumes parecidos de dinheiro e ligados à Alstom também foram identificados pelos suíços envolvendo Teixeira.
A transferência seria uma indicação da rota do pagamento da propina. Os suíços obtiveram dezenas de documento da multinacional, depois de uma série de intervenções nos escritórios da empresa. A Alstom, na época, garantiu que cooperava com a investigação e que a empresa havia passado por uma ampla mudança de comportamento.