Bancada ruralista faz ‘coquetel do agro’ com Lira e vê 80% dos votos para o candidato de Bolsonaro

Votos da bancada passaram a ser alvo de preocupação depois que o presidente da Frente Parlamentar declarou apoio a Baleia Rossi

PUBLICIDADE

Foto do author André Borges
Por André Borges
Atualização:

BRASÍLIA – Na noite desta sexta-feira, 29, o candidato à presidência da Câmara apoiado por Bolsonaro, o deputado Arthur Lira (Progressistas-SP), terá um encontro com pelo menos 70 deputados da bancada ruralista que já confirmaram presença no encontro.

O “coquetel do agro”, que vai acontecer no Instituto Brasileiro de Comércio Internacional e Investimentos (IBCI), em Brasília, tem o propósito de consolidar o apoio de uma das maiores bancadas do Congresso à candidatura de Lira pela presidência da Câmara. Um dos principais articuladores do ato é o deputado Neri Geller (Progressistas/MT), que tem liderado o movimento de apoio a Lira.

Candidato à presidência da Câmara, Arthur Lira participa de reunião com a bancada do Progressistas Foto: Dida Sampaio / Estadão

PUBLICIDADE

Ao Estadão, Neri Geller disse que fez um levantamento de votos com cada membro da bancada e garantiu que 80% dos integrantes votarão no candidato apoiado por Bolsonaro.

"Fizemos um levantamento. Sabemos que 80% dos membros da bancada estão apoiando o nome do Arthur. A maioria esmagadora dos membros apoia o Arthur”, disse ele. “O Arthur apoia projetos como regularização fundiária e licenciamento ambiental, é um parlamentar mais próximo do setor, é pecuarista e dialoga muito com a gente.”

Os votos da bancada passaram a ser alvo de preocupação do presidente Bolsonaro nos últimos dias, depois que o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Alceu Moreira (MDB-RS), declarou apoio à candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), por serem do mesmo partido. O mesmo caminho foi seguido pelo vice-presidente da FPA, Sérgio Souza (MDB/PR), que também anunciou voto para Baleia.

Apesar de esses apoios estarem ligados ao colega de partido, chegaram a ser entendidos por Bolsonaro como uma suposta movimentação da bancada para o rival do candidato apoiado pelo Palácio do Planalto. Na semana passada, Bolsonaro se queixou publicamente. “Eu não entendi aqui... O campo nunca teve um tratamento tão justo e honesto como tem comigo. Em todos os aspectos. Alguns parlamentares do campo, ao invés de apoiar nosso candidato, tá apoiando outro candidato. Não entendo essa... Eu não comando o Brasil sozinho. Eu tenho o Legislativo do lado, que é o responsável por leis, por emendas à Constituição. Nós não podemos ter mais dois anos pela frente com a esquerda fazendo a pauta. No lado de lá, tá o PT, o PC do B e PSOL”, disse.

Bolsonaro mencionou ainda algumas das principais pautas da bancada. “Eu acho que o agro não tem nada a reclamar da gente. Nós fizemos muita coisa e não interferimos. O agro não tem problema nem com demarcação de terra, o quilombola. MST, nós cortamos a raiz, o recurso pra eles”, disse, para cobrar os votos.

Publicidade

“O campo está bombando. Todo o pessoal do campo tem que estar comigo, isso é o mínimo de razoabilidade que eu peço pra eles. Pra gente poder levar nossas pautas pra frente. O mínimo que eu peço para os parlamentares do campo, que eu tenho profunda gratidão e apreço por eles, que vote no nosso candidato pra mesa, pra não deixar mais caducar Medidas Provisórias. Caducou o Projeto de Lei da reforma do campo. Matou o campo.”

Troca

A partir da próxima terça-feira, 2, a presidência da FPA passa a ser comandada pelo atual vice Sérgio Souza (MDB-PR), que declarou voto em Baleia Rossi. Já Neri Geller, que tem articulado o apoio para Arthur Lira, ao lado do deputado Evair de Melo (Progressistas-ES), será nomeado vice-presidente da frente.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.